Título: Crescem os desembolsos de programas do BNDES
Autor: Mauro Zanatta e Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2005, Agronegócios, p. B14

A quebra da produção causada pela seca no sul e as menos atraentes cotações internacionais de commodities como a soja não impediram muitos agricultores de elevar sua aposta na construção de armazéns, compra de máquinas e equipamentos, correção de solos e recuperação de pastagem. Prova disso é que os desembolsos dos programas de financiamento gerenciados pelo BNDES baterão recordes nesta safra, segundo Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Ele diz que esses desembolsos deverão superar, em 2004/05, os R$ 7 bilhões do ciclo 2003/04. Conforme o secretário, de 1º de julho (início da vigência do atual Plano de Safra) a 30 de abril, foram contratados R$ 6,885 bilhões nas onze linhas de investimento geridas pelo BNDES, 64% do orçamento total de R$ 10,7 bilhões - na safra anterior, o volume total somou R$ 5,75 bilhões. A boa demanda foi puxada pelo desempenho de quatro programas específicos. E até a queda de 17,5% nos desembolsos do Moderfrota (linha para compra de tratores e colheitadeiras) foi comemorada. "Esperávamos um recuo muito maior", diz Wedekin. Até abril, o Moderfrota injetou R$ 2,696 bilhões no setor - metade do orçamento, mas próximo dos R$ 3,27 bilhões desembolsados na safra anterior. O montante acompanhou a queda nas vendas de máquinas agrícolas no período, que de acordo com a Anfavea, caíram 13%, para 27,1 mil unidades. O Moderagro (para correção de solo e pastagens) superou o orçamento inicial de R$ 900 milhões e já aplicou R$ 935 milhões - 36% acima de 2003/04. Os desembolsos do Moderinfra (para armazéns e irrigação) saltaram de R$ 244 milhões para R$ 293 milhões, mas ficaram abaixo do orçamento (R$ 550 milhões). No caso do Prodeagro (culturas específicas), houve salto de 156%, para R$ 221 milhões. Já o Prodecoop (para cooperativas) patina. Do orçamento de R$ 550 milhões, foram aplicados R$ 243 milhões. Mesmo assim, houve alta de 95% sobre a safra passada. O Prodefruta (voltado para o Nordeste), emprestou R$ 63 milhões de um total de R$ 200 milhões. O balanço do ministério leva em conta todos os desembolsos do BNDES em 2004/05, incluindo recursos "velhos". O critério explica a diferença em relação a balanço apresentado por Yoiti Abe, chefe do departamento de relacionamento com agentes financeiros e outras instituições do BNDES. Pelas contas dele, que envolvem só recursos "novos" disponibilizados em 2004/05, até 30 de abril foram aplicados R$ 3,378 bilhões, dos R$ 7,695 bilhões gerenciados nesta temporada pelo banco. "O banco deve desembolsar todo o recurso previsto para as linhas, exceto para o Moderfrota, que está com procura muito fraca", diz Abe. Dos R$ 5,5 bilhões orçados para a linha, foram aplicados R$ 2,298 bilhões e a previsão é que o desembolso não chegue a R$ 3 bilhões. O relatório do BNDES calcula os desembolsos do Moderagro em R$ 701 milhões, do Moderinfra em R$ 126,4 milhões, do Prodeagro em R$ 177,5 milhões, do Prodecoop em R$ 19,4 milhões, do Prodefruta em R$ 41,5 milhões e do Propflora em R$ 14,5 milhões.