Título: Oferta de vagas sobe, mas desemprego cresce pelo terceiro mês seguido em SP
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Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Brasil, p. A2

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu 17,5% da população economicamente ativa em abril. Foi o terceiro mês consecutivo de alta. Em março, o índice medido pela Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), foi de 17,3%. O número de desempregados no mês passado chegou a 1,753 milhão de pessoas, 38 mil a mais do que em março. No mesmo período foram abertas 69 mil novas vagas, número insuficiente para atender as 107 mil pessoas que passaram a procurar emprego, elevando a taxa de desocupação na região. Foram abertas 53 mil vagas no setor de serviços e 24 mil em empregos domésticos e construção civil. A indústria fechou 3 mil postos de trabalho e o comércio outros 5 mil. A renda também não dá sinais de melhora. Entre fevereiro e março, o rendimento médio real dos trabalhadores ficou praticamente estável em R$ 1.018, com queda de 0,1% na comparação com fevereiro. A renda dos assalariados subiu apenas 0,5% e chegou a R$ 1.088. A renda dos autônomos subiu apenas R$ 1, para R$ 721, o que representa 0,1% a mais. Nos 12 meses encerrados em março, o rendimento médio real dos trabalhadores acumula queda de 0,1%. No período, os salários da indústria cresceram 4%, e os do setor de serviços, 3%. No comércio, porém, houve queda de 3,8%. A renda dos autônomos apresenta alta de 3,3%. A expansão do crédito e um pequeno crescimento da renda nos últimos 12 meses estão ajudando a segurar o emprego na região metropolitana de São Paulo, apesar da terceira alta seguida da taxa do desemprego. A taxa de 17,5% abril ainda é a menor para o mês desde 1997, quando estava em 15,9%. O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, disse que os sinais da economia são contraditórios. Segundo ele, comércio e serviços ainda estão contratando pessoas, mas a indústria começa a mostrar estabilidade no quadro de funcionários. "Há um nível elevado de ocupação na indústria. Em compensação, alguns setores já começam a reclamar. As indústrias de bens de capital, que produzem máquinas e equipamentos para o agronegócio, não estão indo muito bem por causa da quebra da safra", disse Lúcio. "A atividade industrial é positiva para o emprego por criar vagas com carteira assinada, mas muitas empresas já começam a reduzir investimentos. A taxa de câmbio, por exemplo, prejudica as exportações." Segundo o coordenador de análise da Fundação Seade, Alexandre Loloyan, a taxa de desemprego deve voltar a cair em maio, pois haverá menor número de pessoas em busca de emprego. "A indústria está parando e alguns setores ligados a máquinas e equipamentos para o agronegócio estão em forte queda. Bens de consumo duráveis e não-duráveis estão crescendo como reflexo do crédito e da massa total de rendimentos, que subiu por conta do aumento do total de trabalhadores empregados", afirmou Loloyan.