Título: Levy pede para empresários aumentarem a oferta
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Brasil, p. A3

O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, fez ontem um apelo aos empresários do setor produtivo. Disse que está nas mãos deles a decisão de "resolver esse nó em que vivemos". Ele se referia à inflação e defendeu o aumento da oferta de mercadorias para que seus preços sejam reduzidos e, ao mesmo tempo, o Brasil tenha crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). "Hoje, o Brasil não passa por escassez de demanda, nem nos próximos meses. O custo do crédito tem se reduzido. O salário mínimo aumentou e os salários negociados têm dinâmica positiva. A questão é o aumento da oferta que pode acabar com o problema da inflação", disse o secretário. Levy comentava a informação segundo a qual as indústrias brasileiras não estão enfrentando problemas com a capacidade instalada e têm tido boa lucratividade. Isso significa que elas podem oferecer quantidade maior de produtos aos consumidores. Na sua análise, ele não vê a demanda despencando daqui para a frente. Além disso, acredita que a economia mundial continua "direitinho". Esse cenário positivo soma-se à redução dos spreads no Brasil, ao aumento do crédito no mercado doméstico e ao bom movimento dos salários. "A grande notícia é poder aumentar a oferta de maneira barata. É a maneira boa de controlar a inflação crescendo", resumiu. Em artigo publicado segunda-feira em "O Globo", Levy abordou o assunto. Questionou: "Se a economia vai bem, será melhor administrar a demanda ou expandir os negócios?" Disse que a administração defensiva ajusta os preços à subida da maré na demanda. Mas aumentar a aposta na economia pode permitir ganhos sem aumento de preços. Ele reconheceu que o empresário só vai escolher essa opção se considerar que o risco da economia é aceitável, permitindo tomar mais risco individual. "O governo federal sabe disso. Por isso, sem prejuízo dos objetivos sociais, vem fortalecendo o compromisso com a responsabilidade fiscal, a livre iniciativa, e o combate à inflação", afirmou em seu artigo. . (AG)