Título: Investigação não pára o país, diz Palocci
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Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Política, p. A5

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem não teme a criação da CPI dos Correios. Se ela for criada, sustentou Palocci, não paralisará o país porque a economia está com os fundamentos sólidos, que o tornam forte tanto para enfrentar crises externas quanto internas. "Os fundamentos da economia brasileira são muito fortes e suportam eventuais pressões da economia ou situações de maior conflito político. Não penso que esses conflitos recentes vão colocar em risco a política econômica", comentou Palocci, durante entrevista coletiva em Seul. O ministro está desde segunda-feira na capital coreana, integrando a comitiva presidencial em visita de seis dias à Coréia e ao Japão. Evitando comentar a decisão do governo para abafar e impedir a instalação da CPI dos Correios, Palocci disse que o "povo" deseja que qualquer denúncia seja investigada, mas que "também quer que o Brasil cuide do seu crescimento, da geração de emprego, dos seus programas sociais". "Penso que os nossos políticos vão saber combinar as duas tarefas", ponderou. Mesmo afirmando que a crise política ainda não contagiou a economia, Palocci reconheceu que há "um nível de conflito político" hoje no país. Ele disse não acreditar, no entanto, que a crise seja uma antecipação do processo eleitoral. "Mesmo porque isso seria uma falta de sensibilidade extraordinária das lideranças políticas na medida em que a população brasileira tem encarado os processos eleitorais com um comportamento muito maduro. A população tem se colocado a questão eleitoral muito próxima do período eleitoral. Não está na cabeça das pessoas o processo eleitoral do ano que vem", observou. "Se os partidos assim quiserem fazer eu não penso que eles terão sucesso, seja quem for, do governo ou da oposição." Há dois dias em Seul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusou dar entrevistas. Questionado sobre a crise política no país, acirrada pela possível criação da CPI dos Correios e pelo indiciamento do ministro da Previdência, Romero Jucá, Lula não respondeu às perguntas. Ele tem tratado do assunto em conversas com os três parlamentares que vieram em sua delegação e em telefonemas para o Brasil. O presidente chegou a usar o telefone do Aerolula, no vôo entre Brasília e Seul, para saber da repercussão da entrevista que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, deu no domingo, sob sua orientação. Bastos revelou na ocasião que o presidente ordenou que o caso fosse apurado com rigor pela Polícia Federal. Ao participar ontem da abertura do Fórum Reinventando o Governo, promovido pela ONU, o presidente falou sobre corrupção e lembrou que o Brasil será a sede do próximo Foro Global sobre Corrupção.