Título: Funcionário dos Correios isenta Jefferson e é indiciado
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Política, p. A6

O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, negou, ontem, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente do PTB e aliado do governo Lula, o deputado Roberto Jefferson (RJ), faça parte de um esquema de corrupção nos Correios. Após o depoimento, Marinho foi indiciado pela PF sob a acusação de fraude em licitação e prática de corrupção passiva. Se for condenado, poderá pegar de um a oito anos de prisão. Em sua defesa, Marinho disse à PF que foi vítima de uma "armação com motivação política". Em fita gravada e divulgada pela imprensa, ele cita o nome de Roberto Jefferson como líder de um suposto esquema de arrecadação. Na fita, Marinho aparece recebendo R$ 3 mil. O ex-diretor dos Correios disse à PF que o dinheiro foi pago por um serviço de consultoria e que ele teria usado o nome de autoridades para valorizar seus serviços. O dinheiro seria usado num negócio particular, insistiu ele, a ser concluído apenas depois que ele se aposentasse dos Correios. De acordo com relato feito pela assessoria da PF, Marinho não atribuiu nenhuma responsabilidade ao deputado Roberto Jefferson e também se isentou de qualquer ligação com esquemas corruptos na estatal. O ex-diretor dos Correios reiterou, segundo informou a PF, que não tem qualquer relação de amizade com Roberto Jefferson. Ele só teria visto o presidente do PTB em três ocasiões. O advogado de Marinho, José Ricardo Baitelo, disse que os empresários que aparecem nas fitas se reuniram três vezes com ele e apenas na terceira foi feita a gravação. O objetivo da fita seria político, segundo o advogado: criar desgaste para o governo Lula e seus aliados. Os autores da filmagem seriam de uma multinacional e estariam fazendo "uma armação para alguma coisa maior", informou Marinho. O ex-dirigente dos Correios afirmou à PF que esses empresários escolheriam outro funcionário para a suposta "armação", caso não conseguissem filmá-lo. Marinho também informou à PF que pretende doar os R$ 3 mil que aparecem na fita para alguma instituição de caridade voltada ao combate ao câncer. O valor seria um adiantamento da propina, segundo a fita divulgada pela imprensa. Ainda de acordo com informações da PF, Baitelo disse que Marinho é um homem doente e, por isso, teria pedido o afastamento do cargo. Ele foi afastado após a divulgação das fitas. Ao final do depoimento, segundo a PF, Marinho reconheceu que falou demais aos empresários que o gravaram e se arrependeu de ter dito coisas que não deveria. (Com agências noticiosas)