Título: PSDB definirá adversário de Lula em novembro
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Política, p. A8

O candidato tucano que deverá enfrentar a candidatura de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 deve ser anunciado em novembro deste ano no segundo programa que o partido terá em cadeia de rádio e televisão. Segundo o presidente em exercício da sigla, o senador Eduardo Azeredo (MG), o cronograma foi acertado durante o jantar anteontem da cúpula tucana, em Belo Horizonte. Participaram do encontro todos os presidenciáveis do partido. O primeiro programa de televisão do PSDB será no próximo mês e o tempo deverá ser dividido igualmente entre o governador paulista Geraldo Alckmin, o mineiro Aécio Neves, o prefeito de São Paulo, José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A definição do candidato deverá ocorrer de forma simultânea à da escolha da nova Executiva Nacional. Em novembro, vence o mandato de Serra, presidente licenciado da sigla, e de Azeredo, seu vice. Segundo o senador mineiro, não houve discussão sobre quem serão os novos integrantes da direção partidária durante o jantar. "A definição deverá ocorrer em novembro porque constatamos que Lula não é imbatível. Ele perde para Aécio em Minas, para Alckmin em São Paulo e para Serra na região Sul. Está com sua posição de liderança ameaçada no Rio por Anthony Garotinho (PMDB) e César Maia (PFL) e perdeu votos para Heloísa Helena (PSol) que chega a 5%, dependendo do cenário", disse o mineiro. Em junho e julho, o partido irá renovar suas direções municipais e estaduais, e a previsão é que Alckmin e Aécio, os presidenciáveis menos conhecidos, aumentem o ritmo de viagens pelo País. Setembro é outro mês que os participantes do jantar consideraram estratégico, por ser a data final para filiações. O PSDB não prevê grandes mudanças em suas próprias fileiras, mas aposta em um trânsito intenso entre os partidos governistas. Os caciques tucanos também discutiram estratégias para circunscreverem a crise que poderá ser aberta com a instalação da CPI dos Correios. Não interessa ao partido uma investigação extensiva, que atinja outros casos suspeitos de corrupção no governo Lula. Atualmente dois ministros de Estado, o da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estão sob investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal e uma outra CPI, referente ao ex-assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu, encontra-se sob exame da Justiça. Os tucanos, contudo, querem que a CPI trate apenas da cota do PTB na Empresa de Correios e Telégrafos. Os integrantes do partido desmentem de forma taxativa que a prudência se deva à possibilidade de instalação de uma CPI para investigar as privatizações do setor elétrico. De acordo com um dos participantes da reunião, a posição por uma CPI limitada deve-se a um temor de crise institucional.