Título: Coréia propõe acordo com Mercosul
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2005, Especial, p. A12

A Coréia do Sul quer negociar um acordo de livre comércio com o Mercosul. A proposta, feita pelo ministro do Comércio Exterior e negociador-chefe do país, Hyun Chong Kim, pegou o ministro Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, de surpresa. No encontro com o ministro do Desenvolvimento, ontem, Chong Kim mencionou os resultados, em um ano, do acordo de livre comércio fechado por seu país com o Chile. Nesse período, as exportações coreanas de aparelhos de telefonia celular para o Chile cresceram mais de 200%. As vendas de automóveis aumentaram mais de 50% e as de câmeras de vídeo, acima de 100%. No caso dos vinhos, embora a eliminação de tarifas nem tenha começado ainda, em 12 meses a participação do produto chileno na Coréia saltou de 8% para 20%. Furlan não se comprometeu com o pedido. À imprensa, disse que o governo brasileiro ficou de analisar a proposta no retorno da comitiva presidencial ao Brasil. Num gesto visto como de boa vontade, o ministro coreano informou ao colega brasileiro que uma missão técnica visitará o Brasil nos próximos meses para avaliar a produção de álcool etanol. Assim como está tentando fazer com o Japão, o governo brasileiro quer que o país venda álcool para os coreanos. O produto seria adicionado à gasolina. A Coréia, no entanto, é uma economia fechada. Ao lado de União Européia, Japão e Suíça, a Coréia forma, segundo expressão usada pelo ministro Furlan, "a quadra de ases que não gosta de abrir o mercado agrícola". "Esperamos quebrar o gelo", comentou Furlan após se reunir com Hyun Chong Kim. Independentemente de um acordo comercial, a Agência de Promoção das Exportações (Apex) contratou firma de consultoria para estudar a viabilidade de exportação de uma lista produtos brasileiros (bebidas, carne bovina, peixe, camarão e cosméticos, alimentos processados, frutas in natura, granito mármore, revestimento de cerâmica) ao mercado coreano. "O nosso comércio com a Coréia está muito aquém das possibilidades", reconheceu Furlan. Mesmo sendo a Coréia o terceiro maior mercado brasileiro na Ásia, as trocas comerciais entre os países atingiram apenas US$ 3,2 bilhões em 2004, menos de 2% da corrente comercial total do Brasil. (CR)