Título: Saída de mediador pode atrasar negociação na OMC
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, Internacional, p. A9

Um novo complicador pode atrasar a sensível negociação agrícola na Organização Mundial do Comércio (OMC): o atual mediador, Tim Groser, vai deixar o comando da negociação, o que abrirá disputa entre países exportadores e importadores pelo cargo. Groser foi forçado a se demitir como embaixador após anunciar sua candidatura ao Parlamento da Nova Zelândia, em setembro, pelo Partido Nacional (conservador), que procura conquistar o governo contra o Partido Trabalhista. Negociadores em Genebra foram pegos de surpresa pelo anúncio, um desvio de atenção numa hora crucial da negociação. Na semana que vem haverá nova sessão especial de discussão em Genebra em busca de um acordo sobre como cortar tarifas e subsídios. Keith Rockwell, porta-voz da OMC, estima que Groser "fica como mediador até julho pelo menos", quando se espera uma "primeira aproximação" na posição dos países na área agrícola. "Esperamos que os membros da OMC possam logo encontrar um substituto", disse o porta-voz agrícola da União Européia, Michael Mann. Avalia-se que o objetivo de Groser é tornar-se ministro do Comércio se seu partido ganhar a eleição geral. O atual ministro, Jim Sutton, do Partido Trabalhista, chamou a saída de Groser "uma traição" aos interesses neo-zelandeses na OMC. Pelas regras da OMC, os mediadores devem ser "majoritariamente" diplomatas trabalhando em Genebra. Ontem, o quebra-cabeça favorito em Genebra era identificar quem poderia ser um bom mediador agrícola. E não havia nomes convincentes. Foi em um cenário parecido, há alguns anos, que Pascal Lamy, então comissário de Comércio da UE, vetou o nome de Celso Amorim para a presidência do comitê de agricultura da OMC.