Título: Importações mantêm ritmo forte
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, Especial, p. A12

As importações brasileiras, na terceira semana de maio, parecem ter se estabilizado em torno de US$ 300 milhões semanais, valor só inferior aos US$ 304 milhões registrados em novembro do ano passado - indício, para especialistas, de influência da valorização do real nas decisões de compra dos consumidores e indústrias brasileiras. Como, porém, as exportações continuam fortes, apesar do real valorizado (que aumenta os custos das empresas, em dólar), a média diária das vendas ao exterior chegou próxima a US$ 500 milhões e o saldo positivo nas contas do comércio exterior alcançou US$ 943 milhões na semana passada, o segundo maior do ano, conforme ressaltou o Ministério do Desenvolvimento. Com esse resultados, o saldo comercial este ano chega a US$ 14,5 bilhões e as exportações somam US$ 40,5 bilhões. O crescimento nas importações é forte no setor de matérias-primas e insumos, mercadorias compradas pela indústria para atendimento ao mercado interno ou para exportação, mas é crescente, também, o volume de compras no exterior de bens de consumo, como automóveis e partes (49% em relação a maio de 2004), leite e derivados (101%), peixes e crustáceos (24,5%). A média diária de importações acumulada até a terceira semana de maio está em US$ 310 milhões (foi de US$ 298,6 milhões diários, só na semana passada). Em relação à média de maio de 2004, o aumento nas compras de produtos importados é de 30,9%. Em relação a maio do ano passado, os maiores aumentos se devem às importações de borracha e derivados (63%), produtos siderúrgicos (59,7%), automóveis e partes (49,2%), combustíveis e lubrificantes (44%) e equipamentos mecânicos (40%). Boa parte das compras reflete também o aumento dos preços internacionais de commodities como o aço e petróleo e investimentos feitos para ampliação da produção industrial. Apesar da forte queda na cotação do dólar, a média diária das exportações na terceira semana de maio foi uma das mais altas da história, US$ 487,2 milhões. As vendas acumuladas no mês ficaram em média, US$ 456,7 milhões por dia, 20,8% acima da média de maio de 2004. As vendas de produtos manufaturados aumentaram 23,8%, embora esse tipo de produto seja, em geral, o mais afetado pela perda de competitividade provocada pelo dólar desvalorizado. As exportações que mais cresceram, 30,4%, foram as de semimanufaturados como açúcar em bruto, manteiga de cacau, óleo de soja, borracha sintética e ferro-ligas. As vendas de produtos básicos subiram 10%, média que mascara o forte crescimento nas exportações de commodities em setores como o açúcar (190% de aumento nas vendas totais), café (62,5%) e minérios (131%). (SL)