Título: Donos da Kopenhagen alçam vôos mais altos
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, Empresas &, p. B5

Bastam poucos minutos em seu escritório para que Renata Moraes desfaça a imagem de ser uma jovem sem experiência profissional. Sua rotina é feita de fechar contratos de exportação, negociar parcerias com grandes corporações, como a American Express ou o grupo Iguatemi, e determinar o novo lay-out das lojas da Kopenhagen. Renata, de 23 anos, é quem dá todas as cartas na maior rede de lojas de chocolate do país. Mas seu trabalho não pára por aí. Ela está agora às voltas com uma decisão ainda mais ousada. Enquanto recém-formados na sua idade precisam escolher onde vão fazer seu MBA, ela estuda a sua próxima aquisição. "Estamos prospectando as oportunidades de compra. Não há uma decisão tomada", diz ela, que não fornece pistas sobre seu possível futuro negócio, que também pode ser no varejo de alimentos. Uma das mais antigas marcas de chocolates de São Paulo, fundada em 1929 pela família Kopenhagen, a empresa foi comparada em 1996 por Celso Moraes. O empresário hoje está distante do dia-a-dia da empresa e passou o bastão para a sua única filha, Renata. Celso era dono do laboratório Virtus e conhecido no mercado como uma grande comprador de marcas. Eram seus o remédio Atroveran, o calmante Maracugina e o adoçante Adocyl. Em 1998, Celso Moraes vendeu o Virtus para o seu maior concorrente, o laboratório DM, dono da marcas de adoçante Zero-Cal, por exemplo. Passados quase dez anos da aquisição da Kopenhagen, que já atingiu seu equilíbrio financeiro, Renata busca agora um novo investimento para aplicar os lucros da rede. "Quando compramos a empresa, a marca era mal trabalhada", diz a empresária. Neste ano, com uma parte das lojas já reformada, a rede apresenta um crescimento de 30% nas vendas. Renata não divulga valores, mas fontes do setor estimam que o faturamento da Kopenhagen gire em torno de RS 100 milhões por ano. A rede é formada por 165 lojas espalhadas em 15 Estados, das quais 50 são próprias e o restante de franqueados. A Kopenhagen possui ainda uma fábrica em Barueri, nas cercanias da capital paulista. Ao todo, são 719 funcionários, dos quais 380 trabalham na fábrica e 300 nas lojas. "Nunca abrimos mão do processo de fabricação do chocolate, que é o mesmo desde a fundação", diz Renata. A conchagem, ou a mistura do chocolate, demora 72 horas. Normalmente, esse processo leva até oito horas em outras empresas. Com a tradição da marca Kopenhagen, Renata enfrenta a concorrência dos prestigiados chocolates belgas, como a Neuhaus, que abriu algumas lojas em São Paulo, ou da brasileira Chocolat du Jour, fundada há 18 anos. Mas com poucas unidades, essas marcas não ameaçam a liderança da Kopenhagen, diz Renata. Para manter o ritmo de crescimento da empresa, a empresária está atacando em três frentes : exportação, parcerias corporativas e mudança de lay-out das lojas, que ficaram mais sofisticadas. Os acordos com as grandes empresas - o shopping Iguatemi, por exemplo, distribuirá na promoção do Dia dos Namorados corações de chocolate como brinde para seus clientes - transformaram-se em uma atraente fonte de lucro. Neste ano, esses acordos já devem responder por 10% das vendas. As exportações também são um novo negócio, mas representam ainda só 2% do faturamento. No ano passado, a empresa fechou, por exemplo, uma venda para a americana K-mart e está agora buscando abrir portas na Europa. Perguntada se venderia a Kopenhagen, Renata responde que "nem pela oferta mais tentadora". Formada em Propaganda e Marketing pela Fiam, ela diz ter planos de fazer uma pós-graduação. "Mas este é o meu MBA particular, em cima da realidade".