Título: Nossa Caixa leva a leilão hoje subsidiária de previdência
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, Finanças, p. C8

O banco Nossa Caixa, estatal controlada pelo governo do Estado de São Paulo, coloca à venda hoje o controle da subsidiária Nossa Caixa Seguros e Previdência. O leilão será na Bolsa de Valores de São Paulo e três empresas estão pré-qualificadas para a disputa: o grupo Icatu Hartford, através da holding Itumbiara Participações, a francesa Cardiff, que se credenciou com o nome de NCVP Participações e a espanhola Mapfre. O banco colocou à venda 51% do capital da seguradora. Serão leiloadas 10,2 milhões de ações ordinárias ao preço mínimo unitário de R$ 15,10, ou o equivalente a R$ 154,02 milhões. Constituída em 2002, a empresa de previdência é parte do projeto de ampliar a atuação do banco e torná-lo mais atraente para a futura abertura de capital, prevista para o fim deste ano. O comprador terá a exclusividade de venda dos produtos, por 20 anos, nas 800 agências do banco. Para o presidente da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp), Osvaldo do Nascimento, a movimentação empresarial em torno das empresas de previdência brasileiras faz parte de um processo de "consolidação", que ainda não se concluiu. "A previdência é um negócio que envolve custos elevados, por causa dos altos custos de gestão. O grande desafio das empresas é conseguir escala para compensar estes custos", avaliou Nascimento. Segundo ele, os custos de manutenção e distribuição de planos de previdência é um problema no mundo inteiro, mas no Brasil é agravado pela "elevada cadeia tributária". Nos últimos dois ou três anos, foram vendidas as carteiras de previdência das seguradoras Cigna, AGF, Canada Life e Nationwide. Quem não se desfez da carteira buscou uma joint venture, como nos casos da SulAmérica, que se associou ao holandês ING, da MetLife, que fechou (nos Estados Unidos) uma associação com o Citigroup e a Tokio Marine, que recentemente comprou 50% do capital da Real Vida e Previdência (mais informações abaixo). Para José Rubens Alonso, sócio e responsável pela área de seguros da KPMG, o mercado brasileiro de previdência apresenta algumas "peculiaridades", que dificultam a vida de pequenas, médias e empresas independentes nessa área. Uma delas é o surgimento do Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) e sua versão VGBL. Lançados como alternativas de investimento, com forte apelo tributário, os P e VGBL deram primazia às seguradoras ligadas aos grandes bancos. Alonso acha que, com as recentes mudanças tributárias, os planos de previdência devem "recuperar um pouco as características previdenciárias de longo prazo", facilitando, assim, a participação de empresas independentes. Segundo a agência FolhaNews, a Justiça indeferiu ontem um pedido do Sindicato dos Bancários de São Paulo para interromper o leilão da Nossa Caixa. O sindicato entrou com ação civil pública, com um pedido de tutela antecipada, contra o leilão, porém a Justiça entendeu que o sindicato não é "parte legítima" para contestar a operação.