Título: Carteiras de privatização recuperam perdas do mês
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, EU &, p. D2

Alta de Vale e ganhos com Petrobras dão fôlego para categoria, mas não zera prejuízo neste ano

O esboço de recuperação das ações da Companhia Vale do Rio Doce nas últimas semanas trouxe algum alívio para os investidores que aplicaram parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nas ações da mineradora. Isso, aliado ao desempenho positivo dos papéis da Petrobras, que registram desempenho melhor que o Índice Bovespa no mês e no ano, fez com que os fundos de privatização ocupem a posição de liderança entre maiores rentabilidades do mês até o último dia 19, de acordo com relatório semanal do site Fortuna. Em maio, até esta data, as carteiras de privatização renderam 2,94% enquanto o Ibovespa permaneceu praticamente estável no período. Somente na última semana, esses fundos tiveram ganhos de 3,49%, o que compensou a má performance que vinham apresentando. No acumulado do ano, no entanto, a variação continua negativa, com perda de 1,08%, ainda em função da queda das ações da Vale no ano. Os aplicadores que destinaram uma parcela dos recursos de seu FGTS às ações, no entanto, não têm motivos para preocupações maiores. Com os bons ventos que embalaram a Bovespa anteriormente, o ganho acumulado em 12 meses dessas carteiras ainda é o maior disparado de todo o setor de fundos de investimento: de 40,65%. Nesse mesmo período, por exemplo, o Ibovespa apresentou retorno de 32% e o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) variou 17,2%. Na seara dos fundos conservadores, a renda fixa e os DIs - ambos com ganhos empatados em 0,94% no mês - estão ainda devendo ao CDI, que variou 0,99% até o dia 19. Em situação bem pior, no entanto, estão os fundos curto prazo que renderam, em média, 0,87% no período. Os multimercados também registram ganhos abaixo do referencial, com retorno médio de 0,76% até o dia 19 de maio. Na lanterna em termos de rentabilidade estão, porém, os fundos cambiais, com perdas de 2,83% em maio, arrastados pela desvalorização do dólar, que foi ainda maior, de 3,38%, até o dia 19. Os cambiais lideram as perdas também no ano, com queda média de 6,5%. Na outra ponta, as carteiras mais rentáveis no ano são as de renda fixa, que oferecem ganhos de 6,46%, em média, seguidos de perto pelos DIs, que têm retorno de 6,45%. As elevações promovidas na taxa básica de juros (Selic), aliada ao desempenho insatisfatório da categoria multimercados, tem contribuído para uma migração de recursos para as carteiras pós-fixadas (DIs e curto prazo). Na última semana, os DIs foram praticamente os únicos do setor - além de os fundos de previdência - a apresentar entrada líquida de recursos, com captação de R$ 687 milhões. No mês, até o dia 19, os fundos curto prazo lideram, com a atração de R$ 1,34 bilhão em aplicações líquidas (já descontados os resgates). No mesmo período os DIs atraíram R$ 462 milhões. Mas sangria que vinha ocorrendo nos multimercados já dá sinais de estanque. Em maio, até o dia 19, os resgates líquidos dos fundos mistos somaram apenas R$ 57 milhões. No acumulado do ano, os saques chegam a ultrapassar R$ 37 bilhões nesta categoria. No acumulado de 2005, segundo dados do Fortuna, o setor de fundo captou R$ 11,6 bilhões. No mês de maio, a captação líquida até o dia 19 foi de R$ 1,92 bilhão, sendo praticamente todo esse valor procedente de investidores com perfil de atacado, segundo o relatório. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal seguem entre as instituições que registram as maiores captações de recursos do setor.