Título: Produção de sabonetes impulsiona projeto socioambiental no ABC
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2005, EMPRESA & COMUNIDADE, p. F3

Em Santo André (SP) a organização Ação Triângulo adotou o óleo de cozinha usado como ingrediente para uma iniciativa socioambiental que já atinge 5 bairros do município. A receita é simples: um grupo de 10 universitários vai de casa em casa tentando convencer donas-de-casa a doarem o óleo de fritura que antes ia para o ralo. Numa pequena usina de reciclagem montada pelo projeto, quatro moradores do núcleo habitacional de Capuava, de 16 a 18 anos, aprenderam a transformá-lo em sabonetes e sabões em pedra embrulhados artesanal-mente, que depois são vendidos para as próprias moradoras da região. Pagam R$ 1 por um sabonete ou por dois sabões em pedra. Em média, 55% das donas-de-casa procuradas aceitam doar o produto, segundo Paulo Correia, coordenador da Ação Triângulo, com base numa pesquisa da própria organização. Segundo ele, dez mil casas participam hoje do projeto, que angaria mensalmente cerca de 2 toneladas de óleo. "Mais de que uma campanha de coleta de óleo usado, idealizamos a formação de uma teia de relacionamentos na sociedade, que motive mudanças socioambientais", afirma ele, referindo-se aos contatos periódicos dos agentes ambientais com os moradores da região. A mesma equipe que pede o resíduo líquido, exemplifica, começou a recolher pilhas e baterias usadas. "Vamos contatar fabricantes, para garantir o descarte adequado". No inverno, diz Correia, a proposta é também recolher agasalhos, para campanhas sociais. Outra idéia é coletar livros no início do ano, para formar uma biblioteca no carente núcleo de Capuava. Os R$ 1,5 mil mensais provenientes da venda dos saponáceos não cobrem os custos do projeto. A complementação vem de um boletim mensal focado na ecologia urbana, entregue em cerca de dez mil casas. Seu maior anunciante é a Semasa (Saneamento Básico de Santo André). Os fundadores da Ação Triângulo também contribuem financeiramente. "Estamos buscando parcerias com empresas, para outros projetos, como a formação de uma cozinha experimental, voltada às mães", avisa Correia. Do contato com as donas-de-casa, ficou claro o baixo grau de informação sobre nutrição. "Nas cozinhas educativas, elas aprenderiam a criar cardápios equilibrados, e reaproveitar partes de alimentos, às vezes descartadas por desconhecimento do valor nutricional."