Título: Economistas criticam governo Lula
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2005, Brasil, p. A2

Frustrada com a política econômica adotada pelo governo, que considera ortodoxa demais, a Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP) divulgará hoje um documento em que aponta a ausência de um "projeto nacional de desenvolvimento" e alerta para a fragilidade da retomada do crescimento econômico. O documento não detalha o que estaria errado na condução da política econômica e não apresenta alternativas. Mas a presidente da SEP, Leda Maria Paulani, professora da Universidade de São Paulo (USP), adianta que as críticas centram fogo nos juros altos, na flutuação do câmbio e no sistema de metas de inflação, visto como incompatível com a realidade da economia do país. "No modelo atual, o crescimento econômico é tido como uma ameaça, um instrumento de desestabilização da economia", diz Leda Paulani, referindo-se ao fato de o Banco Central aumentar os juros para frear o aquecimento da demanda. Para a economista, a política econômica em vigor está baseada em várias contradições. "O BC mira metas de inflação inatingíveis, pois desconsidera a flutuação do câmbio e o grande peso das tarifas públicas nos índices de preços ao consumidor. E a política monetária apertada pouco efeito tem sobre isso", comenta. O professor Wilson Cano, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da SEP, preocupa-se com a qualidade do crescimento experimentado em 2004 e no começo deste ano. "Não temos crescido com investimentos. As variáveis que mais têm contribuído para o PIB são o consumo interno e as exportações. A falta de investimentos, num cenário de câmbio valorizado é extremamente preocupante", avalia.