Título: CMN avaliza criação de linha para cooperativa
Autor: Arnaldo Galvão e Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 27/05/2005, Agronegócios, p. B8

Para reforçar o pacote de ajuda aos produtores rurais, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou na quarta-feira a criação de uma linha de crédito de capital de giro e custeio a cooperativas agropecuárias. A linha, que terá prazo de três anos para pagar e um ano de carência, financiará pela primeira vez a integralização das chamadas cotas-partes dos produtores cooperados - espécie de ações no cooperativismo. A linha não terá limites de recursos e poderá ser contratada até 31 de outubro, segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin. Estima-se demanda inicial de R$ 300 milhões. Os recursos virão das exigibilidades bancárias e da poupança rural, operada pelo Banco do Brasil e bancos cooperativos. Segundo Gerardo Fontelles, assessor para Assuntos Agrícolas do Ministério da Fazenda, parte dos recursos terão juros subsidiados de 8,75% e parte, taxas de mercado. Pela regra, os produtores contratarão empréstimos individuais em operações estruturadas até o limite de suas dívidas em insumos com as cooperativas. Os recursos reforçarão o capital de giro das cooperativas, afetadas pelo endividamento de seus associados por causa da seca no Sul e em partes do Centro-Oeste. Apenas grupos dessas regiões, reconhecidas ou não como áreas de emergência pelo governo, poderão receber esses recursos. Outras quatro medidas completam o pacote do governo para ajudar produtores prejudicados pela seca. Aqueles que têm dívidas de custeio pela linha Proger Rural - faixa intermediária entre a agricultura familiar e a empresarial - terão até dois anos para pagar. Os débitos somam R$ 217 milhões, mas devem ser roladas R$ 95 milhões. A medida custará R$ 12 milhões ao Tesouro. Os produtores de Mato Grosso do Sul também terão os benefícios já concedidos no Sul. Os atingidos pela seca e beneficiados pelo pacote anunciado em março, em Rio Verde (GO), por sua vez, terão até 29 de julho para renegociar ou prorrogar dívidas. Os prazos anteriores expiravam em 15 de abril e 15 de maio. Apenas nas linhas de investimento, há R$ 3 bilhões passíveis de repactuação. O CMN também decidiu remanejar recursos dos programas de investimento do BNDES para a atual safra. A medida atende a demandas adicionais por crédito em linhas como o Moderagro (recuperação de pastagens e correção de solos). Neste caso, o orçamento subiu de R$ 900 milhões para R$ 1,046 bilhão. O Prodeagro (programas específicos) saltou de R$ 200 milhões para R$ 300 milhões. Perderam recursos Prodecoop (cooperativas) e Prodefruta. O conselho autorizou, ainda, a prorrogação até 31 de outubro das parcelas de financiamento contratados por produtores de cacau. O governo estima rolar R$ 250 milhões em dívidas do segmento - o débito total chegaria a R$ 500 milhões. A medida socorrerá quem teve problemas com o fungo causador da vassoura-de-bruxa, que dizimou plantações na Bahia.