Título: Serra recebe cúpula do PFL e Marta diz que "sintonia" garante recurso
Autor: Jamil Nakad Junior
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2004, Política, p. A-5

As principais lideranças do PFL nacional estarão em São Paulo para participar da campanha de José Serra (PSDB). Ausentes no primeiro turno, as lideranças nacionais do partidos vêm se somar ao prefeito reeleito do Rio, Cesar Maia, que já havia avisado que participaria da campanha de Serra no segundo turno. Além de Maia, estarão em São Paulo o presidente nacional da legenda, o senador Jorge Bornhausen (SC), o ex-vice-presidente da República, o senador Marco Maciel (PE), além do líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), e o líder do partido na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA). O apoio a José Serra coincide com a mudança de foco da campanha de Marta Suplicy (PT). A candidata petista tem centrado sua estratégia de campanha no fato de Serra ter como vice o pefelista Gilberto Kassab (SP), ex-secretário de Planejamento na gestão de Celso Pitta (1997-2000). A pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana saiu a campo na sexta-feira, sem medir o impacto das novas peças publicitárias que mostram que se Serra "por algum motivo" deixar a prefeitura, assumirá a "turma do Pitta", lembrou ontem o presidente do PT, José Genoino. Para o candidato do PSDB, José Serra, a visita dos pefelistas têm reflexos mais políticos do que eleitorais. Em visita a área da subprefeitura de São Mateus (zona leste), onde Marta venceu o tucano no primeiro turno de 53% a 29%, Serra disse ele não queria federalizar a campanha ao trazer as lideranças pefelistas a cidade. "Se alguém quer federalizar é o PT", disse em entrevista na região que tem 188 mil eleitores, superior ao eleitorado de capitais como Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Palmas (TO). Foto: Eduardo Knapp/Folha Imagem

Para Serra, visita terá reflexos mais políticos que eleitorais O tucano negou, no entanto, que a visita a um território onde Marta venceu tem qualquer estratégia política: "Também estive em locais que fui bem votado". A prefeita Marta Suplicy também adotou estratégia semelhante a de Serra. Fez corpo-a-corpo em duas áreas onde foi derrotada pelo tucano no primeiro turno. Em Ermelino Mattarazzo, com 304 mil eleitores, e em Cangaíba, na região da subprefeitura da Penha, com 124 mil eleitores, Marta fez uma caminhada cercada de uma militância que esteve tímida no primeiro turno. A candidata entrou no comércio, ouviu pedidos e foi acompanhada do senador Eduardo Suplicy (SP) e do presidente nacional do PT, José Genoino. Havia mais bandeiras do PT e do PCdoB nas visitas do que no antes do primeiro turno. Em Ermelino Mattarazzo, que tem um eleitorado superior a cidades que tem segundo turno como Campos (RJ), Niterói (RJ), Santos (SP) e Florianópolis (SC), Serra venceu Marta de 43% a 33%. Já na Penha, a vantagem do tucano foi maior: 47% a 26%. Genoino disse que a estratégia da campanha é fazer um "esforço concentrado onde a candidata foi bem votada e onde foi rejeitada": "Vamos diminuir a diferença. O quadro é plenamente reversível. A pesquisa ainda não pegou o programa eleitoral". Marta disse que o candidato do PSDB terá de apresentar projetos em sintonia, se quiser a ajuda do governo federal. "Não creio que o presidente terá essa postura em relação a São Paulo, até porque tem ajudado Alckmin, mas terá de ter uma sintonia de objetivos", avisou. Serra ao saber do comentário disse que a relação da Prefeitura de São Paulo tem que ser uma relação entre Brasília e São Paulo. "Prefiro não fazer um julgamento duro porque pareceria chantagem. Isso não tem cabimento nenhum", disse o tucano. Serra não quis comentar sobre o apoio público de Pitta, Orestes Quércia e Michel Temer ao seu nome. "Não faço juízo prévio a respeito de ninguém."