Título: Negócios também crescem em setor de alta tecnologia
Autor: Vanessa Jurgenfeld, Marli Lima e Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2005, Brasil, p. A3

O atual patamar do câmbio está estimulando as vendas de mercados altamente especializados e dependentes de importação. As vendas de equipamentos médicos devem aumentar 15% esse ano em relação a 2004, crescimento superior aos 3% a 4% previstos para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. A previsão é de Daurio Speranzini, gerente-geral da divisão da Philips Medical System. "Com a estabilidade econômica e a variação cambial favorável, a demanda reprimida no Brasil começou a ser atendida", diz. A participação da produção local nas vendas da Philips de máquinas e ressonância magnética, tomografia computadorizada e outros aparelhos não chega a 3%. A empresa só fabrica no Brasil tubos para Raio-X. Todo o resto é importado. Speranzini explica que, muitas vezes, a importação é realizada pelos próprios laboratórios, que tomam financiamentos indexados ao dólar, mas possuem receitas em reais. A Philips estrutura o financiamento para o cliente. Com a forte desvalorização do câmbio desde 1999, o mercado de equipamentos médicos no Brasil estava estagnado, pois os clientes temiam se comprometer com financiamentos em dólar. "Até o final de 2003, ninguém ousava comprar equipamentos médicos, apesar do maquinário nacional estar obsoleto. Com o dólar a R$ 4, era impossível", diz Speranzini. Segundo ele, a recuperação do mercado começou em 2004, quando as vendas aumentaram por volta de 10%. Speranzini diz que o efeito do dólar nas vendas de equipamentos médicos é também "psicológico". Ao ver a cotação do dólar em trajetória descendente, os clientes ficam mais confiantes. "Se o dólar voltar a R$ 3, dependendo da velocidade, pode haver uma morosidade no fechamento dos negócios", diz. A divisão de equipamentos médicos é uma das prioridades da Philips no exterior. Na América Latina, a unidade ainda responde por apenas 20% do faturamento, mas está ganhando espaço. Em 2004, os negócios fechados pela empresa nessa área aumentaram cerca de 50% no continente.