Título: Infra-estrutura amplia oportunidades no Nordeste
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2005, Brasil, p. A4

Tecnologia também combate desigualdade, diz Campos

O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, defendeu ontem a ampliação dos investimentos públicos em infra-estrutura e no incentivo à inovação tecnológica como instrumento para reduzir as desigualdades regionais. De acordo com o ministro - que participou da abertura do seminário organizado pelo Valor sobre Desenvolvimento do Nordeste -, o desafio a ser enfrentado é promover o equilíbrio entre geração de renda e conhecimento. Campos citou como exemplo o Sudeste, que detém 63% dos cientistas e é responsável por 57% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o Nordeste concentra apenas 12% dos pesquisadores e produz 13% do PIB. Para empresários e executivos de instituições públicas presentes ao evento, a região precisa, também, atrair mais investimentos em infra-estrutura, situação que já começa a virar realidade. "Durante muito tempo o Nordeste ficou de fora da linha de ponta dos investimentos pela falta de uma política regional. Não havia integração entre os diversos setores produtivos e a infra-estrutura que pudessem alavancar o desenvolvimento. Agora a situação está mudando e o Nordeste passa a ser prioridade também para as empresas", disse o diretor de Gestão do Desenvolvimento do Banco do Nordeste (BNB), Pedro Eugênio Cabral. Como exemplo desta sinergia, o presidente do BNB, Roberto Smith, diz que o volume de recursos que vem sendo disponibilizado para a região tem crescido significativamente nos últimos anos. Apenas nos primeiros quatro meses do ano, as operações contratadas pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) chegaram a R$ 806,6 milhões. No mesmo período do ano passado este valor foi de R$ 328,4 milhões e em 2003, no mesmo período, foram apenas R$ 65,5 milhões. "Boa parte destas contratações está diretamente ligada à infra-estrutura, que possui enorme potencial estruturador e de atração e geração de investimentos", avalia. Até meados de maio, a prospecção de financiamentos com recursos do FNE somava R$ 16,8 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões nas áreas de eletricidade, gás e água, informou. O diretor de Operações Indiretas e Inclusão Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maurício Borges, disse que a instituição também tem planos de ampliar sua presença na região. "As liberações para o Nordeste giram na faixa de 7%. Queremos dobrar este índice nos próximos anos", disse. A melhoria da infra-estrutura associada ao incremento do fluxo turístico foi outra abordagem do seminário. De acordo com dados do BNB, o programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste já autorizou operações que somam R$ 74 milhões para Bahia e Ceará. E outros R$ 130 milhões em projetos estão em avaliação pelo Tesouro Nacional. Estes investimentos, bem como as ações desenvolvidas pelos governos federal e estaduais, ajudaram a elevar o fluxo de turistas na região, que chega a 16 milhões de visitantes/ano. "Para isso foi necessário melhorar a infra-estrutura dos aeroportos. Recife é um bom exemplo. A capacidade atual é de 5 milhões de passageiros /ano, 1,5 milhão a mais que a registrada no antigo terminal", ponderou o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Carlos Wilson. Outra oportunidade foi aberta para os exportadores de frutas do vale do São Francisco. A partir do aeroporto de Petrolina, sertão de Pernambuco, eles colocam uva e manga produzidas no semi-árido nos mercados da Europa e Ásia em no máximo 72 horas. "O Nordeste está se tornando uma das principais zonas de interesse econômico e social. As perspectivas para os próximos anos são extremamente positivas", disse o presidente da Infraero. (Com Agência O Globo)