Título: PFL reage à protelação com ameaça à LDO
Autor: Maria Lúcia Delgado e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2005, Política, p. A5

Em resposta a possíveis manobras do governo para adiar o funcionamento da CPI dos Correios, a oposição anunciou ontem estar disposta a adiar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Essa seria uma forma de forçar o Congresso a funcionar durante o recesso de julho e manter a CPI na ordem do dia, despertando o interesse da opinião pública sobre o tema. Enquanto não votarem a LDO, os parlamentares não podem entrar em recesso. "Se o governo não permitir a rápida instalação da CPI vamos obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)", disse o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que seria cômodo para a oposição assistir ao desgaste diário do governo caso adote manobras constantes para protelar a CPI. "Mas nós queremos investigar. Se eles decidirem procrastinar, nós não vamos votar a LDO, e não teremos recesso para forçar o início dos trabalhos da CPI", disse Agripino Maia. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a CPI dos Correios pode atrasar algumas votações no Congresso, o que segundo ele "faz parte". Mas criticou duramente a possibilidade de alguns partidos atrasarem a votação da LDO, como ameaçou o PFL. "Não votar a LDO seria péssimo. Porque, primeiro nós vamos misturar uma discussão que nada tem a ver. A CPI dos Correios se o Congresso tem que fazer, que faça. Mas porque o Congresso vai deixar sem fazer a LDO?", questionou. " Precisamos ter a LDO aprovada para mandar a proposta de Orçamento para o ano que vem". A preocupação do ministro é que sejam misturados temas que não são correlatos, o que segundo ele pode parecer uma volta à situação de 2004, quando o governo teve dificuldades de aprovar o orçamento devido a problemas miúdos como uma prefeitura que estava brigando com o Banco do Brasil e de um Estado que queria um financiamento, citou Paulo Bernardo. "Não podemos colocar as coisas desse jeito porque fica parecendo que estamos nos chantageando", ponderou o ministro, que disse acreditar que será possível restabelecer o diálogo. Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a CPI dos Correios não deve servir de palanque para a oposição ou para o governo: "CPI precisa ter isenção. Não deve ser palco para a oposição, que deve agir com absoluta isenção, e o governo também deve procurar colaborar". (Com agências noticiosas)