Título: Akakia nasce para brigar com Natura e Boticário
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2005, Empresas &, p. B8

Rede planeja abrir 100 lojas franqueadas até o fim do ano

O empresário Guilherme Jacob, dono da Age do Brasil, indústria que fabrica os produtos da marca Disney Baby para a Hidrogen na América Latina, está iniciando uma franquia de cosméticos, a Akakia. Será lançada na próxima semana em São Paulo e tem como projeto concorrer com as tradicionais fabricantes O Boticário, Natura e Água de Cheiro. A Akakia nasce a partir de um acordo com antigos franqueados da Cosmética Italiana, que está saindo do mercado depois de um desentendimento entre seus sócios. A empresa tinha 70 lojas em 2003, mas ficou com apenas 20 no ano passado. A Cosmética Italiana foi criada há 12 anos no Brasil. No início atuava com o nome W/S Italy/Cosmética Italiana e apenas com venda domiciliar, trazendo produtos da Itália e fabricando alguns no Brasil. Em 1997, a empresa iniciou o processo de franchising e criou a franqueadora Beauty Line. A marca ficou popularizada como Cosmética Italiana, com lojas em shoppings e em várias cidades do Brasil, e cresceu ao patamar de 62 lojas com o seu nome em 2003. De acordo com a ex-diretora comercial da Cosmética Italiana, Luciana Gomyde, em 1999 a empresa sofreu com a crise do dólar para importação e na seqüência perdeu dois dos seus principais clientes no atacado, o Mappin e a Mesbla, cujas falências foram decretadas. Neste período, Julio Sandrini, que havia criado a empresa no Brasil, buscou um parceiro-investidor português, mas em meio a desentimentos entre os sócios, a Cosmética entrou em crise, que perdurou até 2003. A empresa perdeu parte dos seus franqueados, restando apenas 20 lojas. No ano passado, a franqueadora foi negociada por um valor simbólico com Jacob, que hoje pretende remodelar todo o negócio, com uma nova marca. Atualmente, a Cosmética Italiana encontra-se ainda em processo de dissolução da sociedade. Akakia, a nova franquia de cosméticos chega com expectativa de ter 100 lojas franqueadas até o fim de 2005, entrando em grandes centros como São Paulo. Também há negociações com um possível franqueado master na Europa. Por enquanto, a Akakia estará em algumas cidades do interior como Rio Claro (SP) e Limeira (SP), e em capitais de menor porte como Belo Horizonte (MG) e Florianópolis (SC). A expectativa é de que o faturamento da rede atinja R$ 2,5 milhões em dezembro. Jacob diz que os investimentos não foram altos porque não envolveram compra da marca Cosmética Italiana e sim a criação de uma nova marca e compra do estoque da antiga empresa. No total, foram destinados R$ 300 mil inicialmente para a Akakia chegar às ruas. Mas o empresário tem planos ousados. Sua estratégia para conseguir mercado será o preço: em geral, 20% menor do que o da franquia O Boticário. Ele explica que a Akakia será uma franquia com foco na venda direta para seu consumidor e não necessariamente na venda de seus produtos como presente. A estratégia para isso inclui a possibilidade de as lojas franqueadas utilizarem o sistema de venda porta-a-porta, como hoje fazem empresas como Avon e Natura. A nova rede terá 160 produtos de marca e fabricação próprias até o fim de junho. Os produtos têm como inspiração os aromas popularizados pela grife Victoria Secret como baunilha e sabores de frutas do tipo morango e pêssego. A Akakia, cujo nome de origem grega significa imortalidade e ressurreição, pretende atuar em linhas de tratamento de beleza com xampús, hidratantes e óleos. Terá como público-alvo as classes B e C. "Acreditamos que a classe A não deve ser o foco porque essas pessoas em geral consomem produtos importados", explica. Segundo Jacob, a rede fará sua expansão exclusivamente via sistema de franquias. O investimento dessa forma pode ocorrer mais rápido já que os recursos não provêm de uma única fonte. As lojas venderão exclusivamente os produtos da marca. "Nos próximos três anos, queremos abrir duas lojas por semana. Pretendemos estar entre as maiores do Brasil", diz. Ex-diretor da Pincéis Tigre, Jacob entrou no ramo de cosméticos em 2002. No ano passado, sua empresa estava produzindo 250 mil frascos de perfume por mês e neste ano a produção fica em 600 mil frascos por mês. A empresa, com foco hoje maior na produção de produtos de higiene infantil, recebeu investimentos nos últimos três anos de US$ 1 milhão, principalmente destinado às instalações. Para este ano, a meta é crescer o faturamento de R$ 700 mil por mês para R$ 1,5 milhão, já com a Akakia.