Título: Atividade industrial de SP sobe 2,2% em abril sobre março
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Brasil, p. A3

No acumulado do quadrimestre INA cresceu 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado

A indústria paulista tem se mostrado resistente à política de juros altos do Banco Central e à valorização do câmbio. Em abril, o indicador de nível de atividade (INA) subiu 2,2% em relação a março, com ajuste sazonal. É o mais forte resultado mensal deste ano. No acumulado do primeiro quadrimestre, a alta é de 4,8% em relação a igual período do ano passado. O dado de abril sem a retirada dos efeitos sazonais, no entanto, mostrou queda de 0,5%. Ainda assim, é o melhor número para o mês desde 2002, quando subiu 2,8%. Mas os empresários afirmam que a indústria dá sinais de estagnação desde outubro do ano passado. Também dizem que esse movimento tem se acentuado com a valorização do real em relação ao dólar, afetando as exportações. Para Antonio Corrêa de Lacerda, diretor-adjunto do Departamento de Economia (Decon) do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o dado mais preocupante é a queda de 0,6% no nível de atividade do setor de máquinas e equipamentos. Segundo ele, este setor serve de indicador antecedente para a produção como um todo. "Quando se produz menos máquinas é sinal de que os empresários não estão investindo", argumenta. Com base nisso, Lacerda espera que o INA dos meses de maio e junho apresente variações negativas. As vendas reais de máquinas caíram 5,1% em abril ante março, mas o número é sem ajuste sazonal. No acumulado do ano, o indicador mostra alta de 10,9%. A avaliação de Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, é menos alarmista. Ele considera que o crescimento de 2,2% é forte e indica que houve demanda sustentando essa elevação. Como as empresas diziam estar com estoques altos em março e mesmo assim a produção cresceu, é sinal de que houve a contrapartida do lado do mercado consumidor, explica o economista. O levantamento de conjuntura realizado em parceria pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Ciesp apontou também que em abril as vendas reais caíram 3,3%, enquanto as horas trabalhadas cresceram 1% e o total de salários reais avançou 2,2%. O nível de utilização da capacidade instalada ficou em 79,8%, abaixo dos 82,4% de março. Os dados são sem ajuste sazonal. O diretor do Ciesp afirma que o bom desempenho dos salários ainda reflete o movimento de expansão da indústria em 2004. A massa salarial em alta, por sua vez, contribuiu para o aumento de 5,2% no nível atividade da indústria de alimentos e bebidas. Para o ano a expectativa ainda é positiva. Lacerda espera que o INA avance 4%. Mas ressalta que isso só será possível se os juros começarem a ceder em breve, no mínimo a partir de julho. "Se for assim, teremos fôlego para crescer." Feres Abujamra, diretor adjunto da Fiesp, também condiciona o nível de atividade à queda dos juros.