Título: Compras de produtos da China crescem 54,8%
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Brasil, p. A4

As importações da China cresceram 54,8%, em maio, o que certamente levará alguns setores da indústria instalada no Brasil a oficializar o pedido de barreiras contra seus concorrentes chineses, informou o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho. O secretário relacionou, entre os principais afetados pelo aumento das compras na China, os produtores de têxteis, confecções, calçados, artigos de vidro e de ótica, e de aparelhos eletrodomésticos, como DVDs, aparelhagem de som e liquidificadores. Entre janeiro e maio, as compras de produtos chineses tiveram aumento, em média, de 59% em relação ao mesmo período de 2004. "O volume de importações é muito grande nesses itens, maior até que 250%, o que pode teoricamente causar dano ao produtos nacional", comentou Ramalho. "As importações da China estão apresentando crescimento expressivo e tendência de crescimento." Ele confirmou que o governo deverá editar ainda em junho as regras para aplicação de salvaguardas - barreiras como cotas ou tarifas mais altas - contra importações chinesas. Mas afirmou que as autoridades tentarão, antes da aplicação de qualquer obstáculo às vendas dos chineses, negociar com a China compromissos de restrição voluntária de exportação. A retenção das exportações de soja fizeram com que as vendas à China tivessem desempenho medíocre em maio, com queda de 26% em relação a maio de 2004. No ano, a queda é de 3% em relação aos cinco primeiros meses de 2004. Dados da Secretaria de Comércio Exterior sobre as importações de produtos chineses entre janeiro e abril mostram forte aumento nas compras de produtos cerâmicos refratários (1,6 mil %), de máquinas de costura (158%), alho (150%), aparelhos de videocassete e DVD (267,7%), fios têxteis sintéticos (286%), pneus (655%), e ferragens para portas e janelas (255%). Em alguns casos, as importações só refletem a perda de espaço de outros fornecedores estrangeiros no mercado brasileiro, como nas crescentes importações de partes e peças para aparelhos de telefonia celular. Só as compras de circuitos impressos aumentaram 315%.