Título: Anatel pode rever dados para o IBGE
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Brasil, p. A5

Depois dos desencontros de informações entre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o impacto do setor de telecomunicações no PIB (Produto Interno Bruto), a agência decidiu fazer um levantamento interno para verificar onde houve falhas nos dados relativos à telefonia celular em 2004. Os dados relativos à receita operacional líquida das operadoras de telefonia celular, que a agência negou ter encaminhado ao instituto, mas que o IBGE disse ter recebido por e-mail no dia 9 de maio, fizeram com que o crescimento do PIB de 2004 fosse revisto de 5,2% para 4,9%. A Anatel chegou a anunciar que haveria uma reunião com o IBGE para discutir o assunto, mas o coordenador de Contas Nacionais do instituto, Roberto Olinto, negou que o IBGE tenha sido procurado pela agência e a reunião acabou não acontecendo. "Não tivemos nenhum contato com a Anatel. Ela não nos procurou pela assessoria de imprensa, pela presidência do instituto ou pela coordenação de Contas Nacionais. Jamais houve contato com o objetivo de marcar uma reunião", disse. Segundo o coordenador, para fazer uma revisão do PIB da magnitude da anunciada anteontem, o IBGE considerou que os dados fornecidos pela Anatel eram dignos de serem incorporados. "Se tivéssemos qualquer dúvida quanto à qualidade dos dados ou se eles tivessem apresentado qualquer incoerência eles não seriam incorporados", afirmou Olinto. Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considerou "muito grande" a revisão do crescimento do PIB em 2004 e disse que "com certeza" o IBGE se entenderá com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ele afirmou que o corte de 0,3 ponto percentual no PIB de 2004 significaria "diferença de R$ 60 bilhões na receita da telefonia móvel", mas destacou que o IBGE "trabalha com autonomia" na coleta de dados. "A única coisa que posso fazer é observar", acrescentou o ministro. Segundo ele, o IBGE e a Anatel devem esclarecer o que chamou de "dificuldade conceitual ou material de dados". (Com agências noticiosas)