Título: Cúpula do governo recebe presidente da TAP
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Brasil, p. A5

A novela em que se transformou a crise da Varig saiu da esfera exclusiva do Ministério da Defesa e reunirá hoje a cúpula do governo. Após seis meses sem participar diretamente das discussões envolvendo o assunto, os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antônio Palocci (Fazenda) recebem hoje o presidente da TAP, Fernando Pinto. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, pilotará o encontro, mas deixa de ser o único interlocutor oficial da aérea sobre a questão. Também participam da reunião, às 12h, o presidente do conselho de administração da Varig, David Zylberzstajn, e o principal executivo da companhia, Henrique Neves. Desde o auge das discussões sobre a possibilidade de intervenção estatal na empresa, em outubro, o assunto não chegava à esfera dos três ministros. A tarefa de encontrar uma saída para a Varig vinha sendo delegada exclusivamente ao vice-presidente. Na ausência de resultados concretos para salvar a aérea, uma ala do governo tem manifestado discretamente incômodo com o desempenho de Alencar. Ele rejeitou a idéia de intervenção e descartou uma medida provisória que já estava pronta. A volta de Palocci e Dirceu diretamente nas conversas foi lida de duas formas: alguns levantaram suspeitas de que Alencar pode ter perdido força para resolver a crise da Varig; outros vêem na presença dos dois ministros uma indicação de que a propalada "solução de mercado" para a companhia aérea está perto de se concretizar. Segundo um funcionário graduado do governo, o objetivo de Palocci na reunião será o de "proteger o Tesouro". No entanto, técnicos do governo que lidam diretamente com o assunto ainda têm grandes dúvidas sobre a viabilidade das negociações com a TAP. A estatal portuguesa assinou um memorando de entendimentos com a Varig para a compra de 20% da aérea brasileira, percentual máximo para a participação estrangeira numa empresa do setor, segundo a Constituição. O próprio Zylberzstajn havia definido o "início de junho" como prazo para concluir as negociações.