Título: Desacertos refletem o "custo PT", diz Alckmin
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Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Política, p. A6

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez ontem duras críticas à política econômica implementada pelo governo Lula. Segundo ele, a desaceleração da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano foi apenas um dos três efeitos "nefastos" dos juros altos. Alckmin lembrou que a taxa básica de juros (Selic) no atual patamar de 19,75% também contribui para o aumento da dívida pública do país, além de gerar uma sobrevalorização do real. Ao discursar para uma platéia de políticos e profissionais dos setores de marketing e vendas, o governador de São Paulo afirmou que o PT mudou o tom do discurso ao assumir a política econômica do governo, o que, segundo ele, tem gerado um custo à sociedade brasileira que ele classificou como "custo PT". "Na realidade, se nós verificarmos o que o governo dizia quando ainda estava na oposição e o que faz hoje, a mudança é muito grande. Isso tem um custo e quem paga é a sociedade. Tudo precisa ser maior para o resultado ser menor. O superávit tem que ser maior e os juros têm que ser maiores. É o custo PT", afirmou. Em sua avaliação, o governo cometeu um equívoco ao tentar arquivar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Correios. De acordo com o governador, a apuração e a punição dos focos de corrupção "fortalecem as instituições ao invés de prejudicá-las". "O que a sociedade espera por parte da oposição é isenção. Buscar a verdade e a justiça. E por parte do governo, que não tente impedi-la. Espera-se um sinal de maturidade", disse Alckmin. Em entrevista rápida aos jornalistas, o governador considerou o resultado da pesquisa CNT/Sensus divulgado na terça-feira "correto sob o ponto de vista estatístico, mas que não existe sob o ponto de vista eleitoral, já que reflete o passado", sendo apenas um estímulo para que ele trabalhe mais daqui para frente. O governador apareceu em terceiro lugar entre os prováveis opositores de Lula, nas eleições presidenciais de 2006, com 13,1% das intenções de voto. "Cada coisa vem no seu tempo. A eleição é só no ano que vem. Não há razão para antecipar o debate eleitoral. Quando você antecipa, você encurta o governo, dificulta a governabilidade e quem paga o preço é a sociedade". Vou defender, no PSDB, que essa discussão (eleições) fique para o ano que vem", afirmou Alckmin. Questionado se realmente será o candidato de seu partido a sucessão presidencial, o governador desconversou: "Nós não vamos contribuir para aumentar a intranqüilidade. Temos responsabilidade". (JV)