Título: Para Aécio, pesquisa mostra desarticulação política
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Política, p. A6

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) diz que só confiará nas pesquisas pré-eleitorais a partir do ano que vem, quando os candidatos já estiverem colocados. Por enquanto, argumenta, trata-se de mera especulação. Mesmo assim, viu nos números divulgados na terça-feira motivo de grande preocupação para o governo federal e "boa expectativa àqueles que estão na oposição". "O governo colhe um pouco os resultados, a meu ver, desse inchaço da máquina e da desagregação dos partidos que ele próprio estimulou", comentou ontem. "O presidente Lula será um candidato com um peso importante nessas eleições, mas longe de ter uma vitória assegurada com antecedência." Segundo Aécio, para que consiga se reeleger, o presidente terá de ser um Lula diferente, disposto a discutir os problemas reais do país e a explicar porque, mesmo com o ambiente externo favorável, não conseguiu cumprir compromissos lançados na campanha eleitoral. O governador lembrou ontem que dos R$ 21 bilhões previstos para investimentos no Orçamento de 2005, até o fim de maio, apenas R$ 2 bilhões estavam empenhados. "Se avançarmos nesse mesmo ritmo até o final, chegaremos ao final do ano com alguma coisa em torno de 20 a 30% no máximo de recursos para investimentos no país." Embora a dificuldade de implementar muitos programas e a conseqüente queda de popularidade do governo Lula possam beneficiar a oposição, especialmente o PSDB, o governador mineiro diz não torcer para o "quanto o pior, melhor": "A instabilidade política não é positiva para o país". Aécio não quis comentar a performance nas pesquisas dos possíveis candidatos tucanos, como o prefeito de São Paulo, José Serra. Ele afirmou que vem trabalhando dentro do PSDB para postergar um pouco a indicação do nome que disputará a Presidência da República e não antecipar o processo eleitoral. Como de costume, o governador nem descartou nem confirmou a possibilidade de ele próprio sair candidato. A decisão, disse ele, caberá ao "destino".