Título: Vasp não cumpre pontos do acordo e funcionários ameaçam parar
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2004, Empresas, p. B-2

Os pilotos e comissários de bordo da Vasp ameaçam decretar uma nova greve a partir de quinta-feira. A companhia aérea não vem cumprindo os termos do acordo fechado com os funcionários que aderirem ao programa de demissão voluntária, acusa o Sindicato Nacional dos Aeronautas. O acordo evitou, no fim de setembro, a demissão de 200 pilotos e comissários. Uma assembléia na quinta-feira decidirá a questão. " Não descartamos a possibilidade de uma nova paralisação " , disse ontem Graziella Baggio, presidente do sindicato. De acordo com ela, a Vasp não cumpriu diversos pontos do acordo fechado na Delegacia Regional do Trabalho. " O documento entregue aos funcionários que aderiram ao programa de demissões voluntárias não prevê vários pontos acordados, como a garantia de pagamento de salários fixos até dezembro e a rescisão contratual integral " , disse. Por conta disso, o sindicato tem aconselhado os funcionários a não aderir ao PDV temporariamente até que a situação seja regularizada. Graziella também informa que 70% dos 200 aeronautas que tiveram suas demissões revogadas não receberam o salário de setembro. Na prática, as 30 pessoas que já aderiram ao plano não viram as promessas cumpridas, reclama a sindicalista. Essa pode ser a mais nova turbulência nas operações da companhia, que já viu sua participação de mercado nos vôos domésticos cair para 8,6% em setembro - cerca de três pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano passado. A esse problema deve somar-se outra pressão vinda da Infraero, a estatal que administra os aeroportos do país. A Vasp tem até amanhã para responder a carta-cobrança enviada pela Infraero e fazer o pagamento de R$ 11 milhões referentes às dívidas acumuladas nos últimos três meses pela falta de transferência das taxas de embarque. Se não receber, a Infraero acionará a Justiça de São Paulo. Inicialmente, o prazo de dois dias úteis deveria ter vencido ontem à noite. Mas a estatal resolveu dar mais 24 horas para a Vasp porque a carta-cobrança, enviada na sexta-feira, só chegou à sede da empresa aérea no fim da tarde. Enquanto isso, entra na segunda semana de vigência o regime de depósito antecipado e diário das taxas de embarque a que a Infraero submeteu a Vasp. Sem fazer diariamente esses pagamentos, a companhia de Wagner Canhedo fica impedida de voar. O mesmo tratamento pode ser aplicado à Varig se ela não quitar uma dívida de R$ 108 milhões até o fim do mês.