Título: CVM multa Boucinhas pelo caso Fazendas Boi Gordo
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2004, Empresas, p. B-3

O colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou ontem a Boucinhas & Campos Auditores Independentes a pagar multa de R$ 100 mil por atuar com falta de diligência na auditoria das demonstrações financeiras da Fazendas Reunidas Boi Gordo. O responsável técnico da Boucinhas, Luiz Fernando Nóbrega Guimarães, também foi penalizado com multa de R$ 20 mil. Ainda é possível recorrer da decisão no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o chamado conselhinho. No processo que corria na CVM, A Boucinhas& Campos foi inicialmente acusada pela Superintendência de Normas Contábeis e Auditorias por cometer oito irregularidades, mas o diretor-relator do processo, Luiz Antônio Sampaio Campos, após a defesa apresentada pelos advogados da Boucinhas, absolveu a auditoria em algumas das acusações. Em função disso, a multa, que poderia chegar a R$ 500 mil nesse caso, foi reduzida. A decisão do diretor-relator foi acompanhada por unanimidade pelos outros diretores que compõem o colegiado. A auditoria foi condenada pela acusação de falta de diligência com relação a emissões irregulares de contratos de investimento coletivo (CICs), sem registro junto à CVM, que a Boi Gordo efetuou entre 2000 e 2002. No entanto, a CVM absolveu a Boucinhas com relação a alteração de critério na contabilização dos contratos. A CVM aceitou o argumento da defesa, que alegou não ser a Boucinhas a auditoria responsável no período específico da ocorrência da irregularidade. A auditoria também foi absolvida da acusação de não explicitar riscos de descontinuidade das atividades da Boi Gordo. Nesse processo, apenas estavam sendo julgadas as responsabilidades dos auditores da Boi Gordo, que causou prejuízo a mais de 30 mil investidores que compraram CICs com lastro nas arrobas de boi gordo. Em 2001, a empresa entrou em concordata e os investidores entraram na Justiça para tentar reverter perdas, que em muitos casos, incluem todo o principal investido. O controlador da companhia, Paulo Roberto Andrade, já foi multado pela CVM em mais de R$ 28 milhões por conta das emissões irregulares de CICs realizadas e, em outubro do ano passado, foi também inabilitado por 20 anos para o exercício do cargo de administrador de companhia aberta.