Título: Maio fecha com déficit cambial, o primeiro registrado em seis meses
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Finanças, p. C2

O mercado primário de câmbio registrou em maio um déficit de US$ 811 milhões, o primeiro em seis meses. Os dados, divulgados ontem pelo Banco Central, mostram que no mês passado não houve sobra de dólares que permitissem ao BC a retomada de seu programa de aquisições para recompor as reservas internacionais. A escassez de moeda foi particularmente mais aguda nas duas semanas finais de maio. Até o dia 17, o mercado de câmbio registrava um superávit de US$ 39 milhões. Daí para o fim do mês, as saídas de dólares superaram as entradas, e o mercado se tornou deficitário. Coube aos bancos suprir a deficiência de dólares, por meio da ampliação de sua posição vendida em moeda estrangeira - que subiu de US$ 2,577 bilhões para R$ 3,311 bilhões, entre abril e maio. Desde março passado o BC vem se abstendo de comprar moeda estrangeira no mercado. O discurso oficial da autoridade monetária é que só voltará às compras de dólares se houver sobra e caso a sua atuação não provoque volatilidade no mercado. Neste ano, o BC adquiriu um total de US$ 10,2 bilhões. O déficit no mercado de câmbio deve-se à queda no fluxo de ingresso no segmento financeiro, por onde entram, entre outros, o fluxo de capitais estrangeiros ao país. Em maio, os ingressos brutos por esse segmento somaram US$ 6,893 milhões, queda de 17,9% em relação ao ingresso de abril (US$ 8,396 bilhões) e de 31,19% em relação a março (US$ 10,018 bilhões). As saídas de moeda estrangeira pelo segmento financeiro, que somaram US$ 11,961 bilhões, ficaram no mesmo patamar dos dois meses anteriores. O resultado líquido no segmento financeiro foi um déficit de US$ 5,632 bilhões. O segmento comercial, por outro lado, registrou vigorosos ingressos em maio. O fluxo de exportações contratadas foi de US$ 10,284 bilhões, o que significa uma média diária de US$ 490 milhões. Na série histórica divulgada pelo BC, que cobre os valores mensais desde janeiro de 2004, nunca se observou uma entrada tão alta de dólares de exportações. Já as importações registraram um avanço relativamente comedido em relação ao passado recente. Somaram US$ 6,026 bilhões, com uma média diária de US$ 287 milhões. A média foi 7,49% superior aos números observados um mês antes. Mas, como as exportação se tornou mais vigorosa, o saldo de câmbio contratado no segmento comercial ficou acima do mês anterior. Somou US$ 4,258 bilhões, ante US$ 3,507 bilhões. Pelo critério de saldo diário médio, houve crescimento de 16%.