Título: Tesouro quer atrair o investidor estrangeiro
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 02/06/2005, Finanças, p. C2

O governo pretende promover até o fim do ano mudanças para facilitar investimentos de estrangeiros em títulos públicos brasileiros, disse na quarta-feira o secretário do Tesouro Joaquim Levy. Segundo ele, a idéia é reduzir a burocracia dessas operações e eliminar eventuais problemas tributários para atrair esses investidores. "No máximo até o fim do ano esperamos promover essas mudanças", disse Levy, que participou ontem do 3º Congresso da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). Segundo o secretário, podem ser feitos alguns ajustes na parte tributária, como na cobrança de CPMF. As mudanças devem incluir o horário de funcionamento dos mercados locais, para ajustá-los aos negócios internacionais, informou José Antonio Gragnani, secretário-adjunto do Tesouro. Para isso, estão acontecendo conversas com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e com as câmaras de liquidação de títulos. Outra mudança deve ser o prazo de liquidação dos títulos federais, que no Brasil é no próprio dia (D+0) e no exterior costuma ser em três dias (D+3). "São gargalos técnicos, burocracia, que vamos trabalhar para resolver", disse Gragnani. Segundo Levy investidores mais agressivos, como fundos hedge, não enfrentam muito problema. Mas grandes bancos e investidores institucionais, que têm controles mais rígidos de aplicação, acabam tendo dificuldades para vencer a burocracia do mercado brasileiro. O esforço do Tesouro em atrair os estrangeiros inclui um grupo de trabalho, o Best, formado por representantes do mercado, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O grupo vem promovendo visitas a diversos países para divulgar o investimento financeiro no país. O Tesouro montou ainda uma lista de mil investidores para quem manda um boletim semanal sobre o mercado brasileiro. A maioria é formada por americanos, mas há também europeus e asiáticos. Segundo ele, hoje cerca de 9% dos recursos de estrangeiros investidos no Brasil estão em títulos públicos. Em geral, esses investidores procuram papéis de prazo maior, como as Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-Fs), prefixados que pagam juros semestrais. Na terça-feira, o Tesouro fez uma das emissões mais longas de papéis prefixados da história do país, vendendo R$ 150 milhões em NTN-F de sete anos. "O volume é pequeno, mas houve procura de bancos estrangeiros em nome de investidores internacionais", afirma Gragnani. Para aumentar a atratividade desses papéis, o Tesouro pretende permitir a troca das NTN-F que vencem em 2008 por LTNs, que têm maior liquidez. "Quando estivermos emitindo LTN com vencimento em 2008, vamos oferecer aos donos de NTN-F essa troca", diz Gragnani.