Título: Recursos para a Defesa Civil reduzidos em 37%
Autor: Rizzo, Alana; Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 07/04/2010, Brasil, p. 9

DA LAMA AO CAOS

Dinheiro destinado em 2010 a prevenção e resposta a desastres ficou em R$ 1,4 bilhão diante dos R$ 2,3 bilhões do ano passado. Presidente lamenta tragédia no Rio, mas diz que quando acontece uma desgraça, acontece

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que só restava pedir a Deus que parasse as chuvas. Também ofereceu ajuda financeira ao estado do Rio para reparar os estragos provocados pelo temporal na cidade. Mencionou, inclusive, a possibilidade de aumentar os recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) destinados às obras de drenagem no Rio de Janeiro. Entretanto, o Orçamento da União destinado à Defesa Civil este ano diminuiu 37,8% em relação ao ano passado. Dados da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados mostram que em 2010 a União autorizou R$ 1,4 bilhão para prevenção e respostas aos desastres. Valor inferior ao aprovado nos dois últimos anos. Em 2009, a proposta orçamentária era de R$ 2,3 bilhões, e em 2008, R$ 1,6 bi. Houve redução nas rubricas de apoio a obras preventivas, fortalecimento do sistema nacional de Defesa Civil e também no socorro e assistência às pessoas atingidas por desastre e reestabelecimnento no cenário de desastres.

Os valores previstos no Orçamento nem sempre correspondem ao que efetivamente será gasto na área. No ano passado, a execução ficou em R$ 1,8 bilhão. Este ano, nos três primeiros meses do ano, o governo federal gastou apenas R$ 96 milhões, praticamente todo esse dinheiro foi usado para resposta aos desastres. Nada foi pago para apoio de obras preventivas, orçado inicialmente em R$ 367,7 milhões.

Não chove todo dia nem toda hora. Quando acontece uma desgraça, acontece. Normalmente, os meses de junho e julho são mais tranquilos, e o Rio de Janeiro está preparado para fazer as Olimpíadas e a Copa do Mundo com muita tranquilidade, disse Lula, minimizado uma futura interferência do clima na realização das Olimpíadas de 2016 e na Copa do Mundo de 2014.

O presidente disse ainda que, quando chove muito, os transtornos são inevitáveis. Quando o homem lá em cima está nervoso e faz chover, nós só temos que pedir pra ele parar a chuva para a gente poder tocar a vida na cidade, observou. Lula ressaltou, entretanto, que as maiores consequências do grande volume de água atingem áreas de ocupação desordenada. Ontem, a população foi orientada a deixar as áreas de risco de acordo com os bombeiros, a maioria das mortes foi provocada por deslizamentos de terra.

O presidente também sentiu os reflexos das fortes chuvas. Ele e outras autoridades tiveram compromissos cancelados devido ao impacto do temporal. A agenda previa a inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no conjunto de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, mas as chuvas cancelaram o evento, uma das atividades do presidente e do ministro das Cidades, Márcio Fortes. Segundo assessores, o presidente faria o percurso de helicóptero, mas o mau tempo impediu o translado.

Ainda na segunda-feira à noite, quando viajou para a capital do Rio, o destino do avião presidencial foi alterado. Devido às chuvas, o pouso no Santos Dumont foi transferido para o Galeão.

O Ministério da Integração Nacional foi procurado pelo Correio, mas até o fechamento desta edição não havia retornado as ligações. O novo ministro, João Reis Santana, embarca hoje para o Rio.

Deu no...

Clarin.com Serviços paralisados

O jornal argentino destacou na área de sua página na internet dedicada a assuntos internacionais que grande parte dos serviços na capital do Rio de Janeiro foram paralisados: universidades, escolas e tribunais de Justiça suspenderam as atividades. O texto também enfatiza a frase de Lula, que pediu a Deus para que a chuva pare. A humanidade não pode controlar as intempéries e, quando chove durante mais de 15 horas seguidas, os estragos são grandes demais, reconheceu o presidente.

El Pais Retrato do caos

A capa do jornal espanhol trouxe uma foto retratando a enchente e mostrou, no início da tarde, que o número de mortos ultrapassava os 77. O texto informava que a chuva era uma das piores dos últimos 30 anos e que as ruas da capital se tornaram um caos. Reforçava, ainda, que grande parte das mortes foram causadas por deslizamentos de terra em áreas de morro.

The new york times Temporal arrasador

A página dedicada ao noticiário internacional do principal jornal norte-americano destacou que a chuva forte em curto período de tempo ilhou cidadãos, paralisou o sistema de transporte urbano, fechou aeroportos, interditou pontes e resultou em dezenas de mortes. A reportagem narra que muitos habitantes da capital fluminense foram obrigados a abandonar os carros e que o governador Sérgio Cabral recomendou que as pessoas não saíssem de casa ontem.

bbc Dezenas de mortos

O site da BBC trouxe uma chamada na capa sobre o episódio. A reportagem apresentava mapas, depoimentos e fotos dos resultados das tempestades no Rio. O texto destacava as dezenas de mortes e o fato de ter chovido sete centímetros em 15 horas. A reportagem mostrava, ainda, os depoimentos do governador do estado e do prefeito da capital, ambos reconhecendo que a cidade ficou paralisada.

corriere della sera Quietos em casa

A capa do jornal italiano na internet destacou, durante o dia, fotos e vídeos da enchente, enfatizou o crescente número de mortos e os pedidos governamentais para que a população evitasse deixar as residências. O texto enfatiza a frase do governador Sérgio Cabral revelando que a área de alagamento é muito extensa e comete a gafe de citar o Rio de Janeiro como capital do país.