Título: Fiel a Chirac, premiê fez carreira na diplomacia
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2005, Internacional, p. A9

Com ares aristocráticos e a faustosa cabeleira grisalha, Dominique de Villepin fez uma carreira clássica no serviço público francês. Filho de um político, graduado na ENA (École Nationale d´Administration, a incubadeira de gente para os altos escalões do governo), Villepin tornou-se diplomata, servindo em postos importantes em Nova Délhi e, em duas ocasiões, em Washington. Preocupado com seu lado intelectual, tornou-se também um poeta e autor de diversos livros sobre a cultura contemporânea de seu país. Além disso, fez uma biografia de Napoleão. Em 1995, após a eleição de Jacques Chirac, ele assumiu a secretaria-geral da Presidência, tornando-se confidente e conselheiro de confiança do presidente. Mas ele ficou mais conhecido pelo mundo afora por causa das batalhas que travou contra a política americana que culminou com a invasão do Iraque. Sua popularidade chegou ao pico em fevereiro de 2003, quando era chanceler, ao discursar nas Nações Unidas e, evidenciando seu desagrado com a guerra iminente no golfo, disse: "Não nos esqueçamos de que, depois de ganhar uma guerra, é preciso construir a paz". Foi aplaudido pelos presentes, numa rara distinção feita naqueles dias. Comandando o Quai d´Orsay desde 2002, Villepin assumiu, em março do ano passado, o Ministério do Interior. Pois foi aí que comandou a repressão aos movimentos radicas islâmicos. Entre as medidas mais reconhecíveis pela população estão o aumento dos controles de segurança, inclusive tornando mais difícil a emissão de vistos de entrada na França. Segundo ele, a separação cultural é usada como forma de cultivar o terrorismo, por isso foi criada a obrigatoriedade de que os líderes muçulmanos no país aprendessem a língua, a cultura e as leis francesas. Mas ele foi além, advogando uma série de medidas antiimigração que acabaram se tornando bastante populares no país, criando uma polícia de imigração. Apesar disso, pesa contra ele nunca ter se candidatado a nada, nunca passando pelo escrutínio dos eleitores. Talvez por isso, por estar afastado da linha de frente das batalhas eleitorais, tenha pouco apoio da UMP, o partido de centro direita do governo. Muitos políticos criticam sua forma arrogante de tratá-los, o que o deixou bastante impopular entre lideranças importantes das quais ele dependerá daqui para frente como premiê.