Título: Incorporação da Brasil Telecom GSM fazia parte do contrato
Autor: Talita Moreira e Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2005, Empresas &, p. B3

Para efetuar a venda de suas ações na Brasil Telecom, o Opportunity se comprometeu a aprovar a incorporação dos ativos de telefonia móvel da BrT na TIM. Essa é uma das cláusulas do acordo firmado no fim de abril entre a Telecom Italia e Dantas. O compromisso consta do item 5.3.1c do contrato, que está nos autos do processo movido pelo Citigroup na Justiça de Nova York e que foi obtido pelo Valor. A existência dessa cláusula foi apresentada pelos advogados do Citigroup à corte americana como evidência de que haveria um conflito de interesses na transação com os ativos da BrT. O protocolo de incorporação, entregue à Comissão de Valores Mobiliários, estima que a TIM fará um aumento de capital de R$ 67 milhões para pagar a Brasil Telecom pela incorporação dos ativos. Se confirmado, o montante daria à BrT participação de menos de 1% no capital da TIM, que é de R$ 9,3 bilhões segundo o documento. Esse valor é apenas uma projeção. O número correto seria obtido por meio de uma avaliação do patrimônio das empresas feita pela Merrill Lynch. No entanto, segundo fonte que participou da negociação, a cifra daria uma noção da ordem de grandeza da operação. Para analistas, o valor aparentemente é muito baixo, pois as empresas de celular costumam valer cerca de US$ 300 por cliente. Nesse cálculo, a BrT deveria assumir posição de cerca de 8% no capital da TIM. "Mesmo descontando a dívida, parece pouco", diz um analista. A Brasil Telecom investiu R$ 1,7 bilhão para lançar o serviço de telefonia móvel. Telecom Italia e Opportunity disseram que não poderiam se pronunciar sobre a incorporação por causa do processo judicial. Outra cláusula do acordo previa a compra de ações do Citi ou dos fundos de pensão no Opportunity Zain (holding da BrT) como passo necessário para os italianos pagarem Dantas. Anteontem, o Citigroup e as fundações divulgaram o compromisso de venderem conjuntamente suas ações na BrT. Se não o fizerem até setembro de 2007, os fundos terão de comprar a fatia do banco americano por R$ 1 bilhão. Antes da concessão da liminar, o Opportunity enviou carta à Justiça de Nova York questionando o contrato. Nela, diz que "esse acordo mostra que o Citibank está fazendo exatamente o que acusa o Opportunity de fazer" e que garantiu para si forma "extremamente lucrativa" de vender sua fatia na BrT. (*Do Valor Online, de São Paulo)