Título: Força-tarefa visa ampliar embarque de café
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2005, Agronegócios, p. B13

Política setorial Exportações brasileiras fecham 2004/05 em US$ 2,3 bilhões, melhor resultado em 8 anos

O Ministério da Agricultura está adotando uma postura mais agressiva para aproximar o governo dos principais importadores dos produtos agrícolas do país. No café, essa tática passou a ser adotada na semana passada, com a viagem do secretário de Produção e Agroenergia aos países da Europa. "O que o ministro Roberto Rodrigues quer é que o governo entre em contato com os grandes importadores dos produto agrícolas do país", disse o secretário ao Valor durante o 1º Fórum & Coffee Dinner, realizado em São Paulo. Na semana passada, Costa Lima visitou sete grandes torrefadoras mundiais de café - Nestlé, Kraft, Neumann, Sucafina, Lavazza, Tchibo e Volcafe. Não era uma simples visita de cortesia. Costa Lima foi até a Europa para estreitar o relacionamento do governo com essas empresas, que estão entre as maiores importadoras do café do país. Maior exportador, com participação de cerca de 40% no mercado internacional, o Brasil não quer perder fatia nessa área . "Essas empresas são grandes investidoras e temos que entender quais são as necessidades dessas empresas, saber por que elas não aumentam mais as compras do café brasileiro. O governo tem que transmitir confiança, mostrar que as políticas adotadas no país estão em linha com o mercado", disse Costa Lima. Em uma dessas visitas, a Lavazza sinalizou que poderá investir mais no café brasileiro. Análises feitas pelo setor privado mostram que a demanda global por café nos próximos dez anos será de 145 milhões de sacas, ante as atuais 120 milhões de sacas. "Nosso objetivo em dez anos é consumir 2 milhões de sacas a mais no país [o consumo atual é de 15 milhões] e exportar 3 milhões de sacas por mês", disse Costa Lima. O secretário observou que os estoques nas mãos do governo e do setor privado estão baixos, prevendo que o cenário será ajustado no primeiro semestre de 2006. Dados preliminares do Cecafé (reúne os exportadores) mostram que as exportações brasileiras de café encerraram a safra 2004/05 (de julho a junho) em 27 milhões de sacas, com receita de US$ 2,3 bilhões, valor 50% maior que a safra anterior, e o melhor resultado dos últimos 8 anos, segundo Guilherme Braga, diretor do Cecafé. Para o consumo no mercado doméstico, os dados são igualmente otimistas. A Abic (que reúne as torrefadoras) projeta que o consumo em 2005 possa atingir 15,8 milhões de sacas, aumento de 6% sobre o ano passado, de acordo com Nathan Herszkowicz, diretor da Abic. As indústrias projetam que o consumo possa alcançar 20 milhões de sacas até 2010. Para isso, reforçam as campanhas para elevar o consumo. Em julho, as indústrias promoverão o Festival do Café, com campanhas no varejo. "Queremos que julho se torne o mês do café, uma vez que o consumo é maior no frio", disse Guivan Bueno, presidente da Abic. A cadeia produtiva e as indústrias concordam que os preços atuais do café estão em bons patamares, por conta do déficit da oferta mundial. Um dos principais concorrentes, o Vietnã, enfrenta seca, observaram traders. Ontem, os contratos do grão para setembro fecharam em US$ 125,30 a libra-peso, na bolsa de Nova York, com alta de 405 pontos, ou 3,3%.