Título: Fundações vão aplicar em private equities
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2005, Finanças, p. C8

Depois de comprar participações em boa parte das grandes companhias brasileiras, os fundos de pensão querem agora investir nas pequenas e médias empresas. A Previ, a fundação dos funcionários do Banco do Brasil, já separou R$ 350 milhões para essas companhias. A Petros, dos funcionários da Petrobras, destinou R$ 140 milhões e o Fapes, fundo de pensão dos funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atualmente investe R$ 29 milhões (1% de seu patrimônio), quer aplicar mais e comprometer até 4% do patrimônio (ou R$ 120 milhões). Para viabilizar esses investimentos, o instrumento escolhido foram os fundos de private equity e venture capital (carteiras que compram participações em empresas). A Petros fez, em abril, um aporte de R$ 70 milhões em seis fundos de venture capital que vão investir em empresas inovadoras. Segundo Ricardo Malavazi, diretor de investimento da Petros, a fundação pode fazer um nova rodada de investimento de mais R$ 70 milhões. "Por enquanto estamos analisando o comportamento dos fundos", diz. A fundação aplica 0,5% de seu patrimônio nesses fundos e, segundo Malavazi, há espaço para aumentar este percentual. A Previ está em processo para selecionar os gestores que receberão os R$ 350 milhões. De acordo com Luiz Carlos Aguiar, diretor de investimentos da Previ, já são 37 gestores cadastrados, dos quais até 12 serão selecionados. A seleção termina em setembro. As empresas escolhidas devem ser de setores com pouca representação em bolsa, como o de biotecnologia e de serviços. Já Sônia Fonseca, diretora de investimentos do Fapes, conta o conselho do fundo já aprovou que até 4% do patrimônio da carteira pode ser aplicado nos private equities. Por enquanto, o fundo só tem 1% investido. O Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, também está disposto a aplicar. Segundo Carlos Alberto Rosa, coordenador de participações da fundação, estão sendo feitas discussões internas para avaliar a viabilidade destes investimentos. Dentro deste processo, a Funcef fará, em agosto, um fórum de discussões que vai reunir gestores e outras fundações, que vão contar suas experiências. Apesar da disposição das fundações, o percentual que elas investem, em torno de 1% do patrimônio, ainda é pequeno quando comparado com as médias nos Estados Unidos (7,5%) e Europa (4%), segunda dados citados ontem no seminário "Private equity e venture capital, investidores institucionais e o mercado de acesso", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mesmo assim, o interesse dos fundos de pensão surpreende. "Fiquei surpreso. Houve uma grande evolução da discussão em relação há dois, três anos", destaca Fersen Lambranho, sócio da GP Investimentos, que tem participações na Telemar, América Latina Logística (ALL) e Hopi Hari.