Título: Estudantes da ESPM investem na capacitação de artesãos nordestinos
Autor: Silvia Torikachvili
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2005, EMPRESA & COMUNIDADE, p. F2

Desde 2002 os alunos de Comunicação e Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo, arrumam as malas nas férias de verão e rumam para o interior de Alagoas e Pernambuco com o objetivo de capacitar pequenos artesãos na arte de administrar seus negócios. Em julho e agosto, parte deles se reveza no litoral norte de São Paulo na tarefa de ensinar produtores de ostras a tirar melhor proveito do trabalho, a calcular custos e a armazenar o produto. Esse trabalho de 15 alunos da escola já beneficiou 130 catadores de ostras em Cananéia (SP) em 2004. Mas a capacitação não pára por aí. "Os alunos qualificam também outros trabalhadores na gestão do turismo e da costura", conta Carlos Frederico Lucio, professor de Antropologia e coordenador do ESPM Social. Para desempenhar esses trabalhos, a ESPM estabeleceu algumas parcerias. Em Alagoas e Pernambuco, no trabalho de desenvolvimento das vocações regionais, a dobradinha foi com a Universidade Solidária. Em Cananéia, a parceria foi com o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), que cruzou as demandas com as regiões onde a capacitação seria bem-vinda. No trabalho com as costureiras de Cananéia, a parceria foi fechada com o Fundo de Solidariedade do Palácio do Governo do Estado de São Paulo, que doou duas máquinas semi-industriais. "A verba para o deslocamento dos alunos veio do Banco Real", diz o professor Lucio. "Foram R$ 20 mil só para 2003, mas nós conseguimos esticar até 2004", diz ele. A troca de experiências entre as comunidades nativas e a acadêmica pode ser medida pela nova postura dos alunos. Muitos deles passaram a trabalhar em ações sociais e outros até já desempenham cargos executivos em organizações não-lucrativas. "Ninguém volta de uma experiência dessas do mesmo jeito que foi", diz Lucio. Alunos que se envolvem nessas incursões regionais também trazem novas idéias. Em Cananéia, um grupo se dedica ao desenvolvimento do ecoturismo, trabalha com nativos no aperfeiçoamento da gestão e já evoluiu para o turismo histórico, com narração das tradições locais. "A capacitação vingou", diz o professor. "Tanto que o pessoal está procurando fazer parcerias com ONGs que já trabalham com ecoturismo e até fazendo parceria com associações ambientais e de monitores ambientais". A próxima parceria será com pousadas e hotéis da região. "Essa troca faz com que os alunos aprendam a administração na prática e a população nativa se desenvolve." (S.T.)