Título: Aperto pode elevar custo da dívida, alerta Scheinkman
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 07/06/2005, Brasil, p. A3

A política de aperto monetário teve efeitos sobre o baixo crescimento do PIB, mas seu pior impacto é sobre o custo da dívida. Essa é opinião do economista José Alexandre Scheinkman, da Universidade de Princeton. "O custo real da dívida pode se aproximar de 5% do PIB em 2005, o que é superior ao superávit primário", alertou o economista, que participou ontem de seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), no Rio. Para o economista, o país precisa aproveitar o momento de alta liquidez nos mercados para tentar reduzir ao máximo sua relação dívida x PIB. Na avaliação de Scheinkman, o ideal é que o país enfrentasse o próximo ciclo de baixa liquidez nos mercados com essa relação na casa dos 40%. Pelos últimos dados divulgados pelo governo, o Brasil tem uma relação dívida x PIB no nível de 50%. Com os juros em alta, a redução que vinha ocorrendo desde 2003, entrou num ritmo bem mais modesto. O economista lembrou também que o juro alto atrai o capital estrangeiro e acaba afetando a taxa de câmbio. "O Brasil é hoje o melhor país do mundo para investir, mas preferia que o juro fosse menor e o câmbio estivesse no lugar", disse ele, sem querer fazer projeções sobre a taxa de câmbio ideal . Ele defendeu como alternativa viável a exclusão dos preços administrados no índice que baliza as metas de inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Para o especialista, a inclusão é um erro, porque a política monetária não pode combater esses preços. Segundo Scheinkman, apesar das tarifas consumirem uma parcela significativa da renda da população, quando o Banco Central faz o aperto monetário após o reajuste de tarifas acima das metas de inflação em razão de contratos firmados no passado acaba beneficiando ainda mais essas empresas. Na avaliação dele, a política econômica, no entanto, não se resume à política monetária. Ele avaliou que o governo tem adotado muitas medidas positivas, como ocorreu por exemplo, com a agenda microeconômica.