Título: Exportação de máquinas agrícolas perde fôlego e preocupa indústrias
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 07/06/2005, Agronegócios, p. B13

Insumos Vendas ao exterior caíram 8,5% em maio; Anfavea prevê queda de rentabilidade

A queda das exportações de máquinas agrícolas pelo segundo mês consecutivo começa a preocupar as indústrias do setor, que esperavam manter o mesmo nível de produção do ano passado (66 mil unidades) sustentadas pelo mercado externo. "As exportações dão sinais de fraqueza e a indústria começa a se preocupar com a rentabilidade e manutenção dos investimentos", afirmou Persio Luiz Pastre, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em maio, os embarques recuaram 8,5% sobre o mesmo mês de 2004, para 2.326 unidades. De janeiro a maio, o setor exportou 13.722 unidades, 10,4% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Até abril, as vendas cresciam 15,3%. "Muitas empresas transferiram produção para o Brasil e ainda não têm resposta se vão manter o mesmo nível de investimentos no país dos últimos anos", disse Pastre. Ele lembra o caso da italiana CNH, que investiu R$ 20 milhões em 2003 para transferir a linha de produção de máquinas para cana da Austrália para a fábrica de Piracicaba (SP), e o investimento de US$ 2,3 milhões feito pela americana AGCO, em 2003, para transferir a produção de uma unidade da Inglaterra para Canoas (RS). Pastre observou, ainda, que a Argentina (destino de 66% dos embarques de colheitadeiras e 33% de tratores) espera investir 15% menos em máquinas e outros insumos neste ano, com efeito sobre as vendas brasileiras. Em entrevista recente ao Valor, Silvio Rigoni, gerente de vendas de tratores da Agrale, também observou que a valorização do real torna o preço dos tratores menos competitivos no exterior. A Agrale espera para este ano uma queda nas exportações de até 30% sobre as 150 unidades embarcadas em 2004. Em maio, durante a Agrishow Ribeirão Preto, Paulo Hermann, diretor de marketing da John Deere concedeu entrevista a este jornal logo após reunião com dirigentes da Deere & Co dos Estados Unidos e disse que, por enquanto, a empresa manterá o cronograma de investimentos no Brasil, que prevê aporte de US$ 250 milhões em dois anos, para construção até 2006 de uma fábrica de tratores em Montenegro (RS), e reforma da unidade de Horizontina (RS). A meta é dobrar a capacidade de produção de tratores, hoje de 7 mil unidades/ano. Para este ano, no entanto, a empresa espera redução do faturamento na América do Sul, que em 2004 foi de US$ 750 milhões. Durante a feira, outras empresas do setor também fizeram reuniões estratégicas com os representantes das matrizes para tentar explicar a reviravolta no setor de máquinas. Pastre diz que o setor vai esperar o novo Plano de Safra para rever as metas para o ano, que por enquanto são de queda nas vendas internas de 20,6% e exportações 7% maiores. Até maio, a produção do setor caiu 13,5% e as vendas internas, 33,8%. Pastre disse que a aprovação de desembolsos do Finame Agrícola e do Moderfrota pelo BNDES entre janeiro e abril caíram de R$ 1,538 bilhão em 2004 para R$ 703 milhões. E há sinais de vendas internas mais baixas até agosto.