Título: Itamar defende saída de Jucá e Meirelles
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 09/06/2005, Política, p. A10
O ex-presidente da República e atual embaixador do Brasil na Itália, Itamar Franco (PMDB), afirmou ontem que o governo Lula está muito mal assessorado, cometendo uma série de erros. Entre eles, o de não afastar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá, que também foram alvos de denúncias graves. Para Itamar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria afastar, pelo menos temporariamente, Meirelles e Jucá a fim de investigar as denúncias. Caso ficasse comprovada a inocência nos casos investigados, eles poderiam ser reconduzidos aos seus cargos. Na terça-feira, o político mineiro não quis comentar as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB) e disse que precisaria de pelo menos 24 horas para refletir sobre o "vôo cego" no qual o país estava entrando. Só ontem ele aceitou falar com a imprensa sobre a crise política e não poupou críticas ao PT e às manobras realizadas pelo partido para tentar evitar investigações no inquérito. Segundo Itamar Franco, não é o governo federal que tem medo de CPI e sim algumas pessoas que cercam o governo. Apesar de criticar atitudes do presidente Lula - como manter o presidente do BC e tentar impedir a instalação da CPI dos Correios - , Itamar elogiou o discurso feito pelo presidente na terça-feira. Segundo ele, Lula agiu como se esperava que agisse ao declarar que apoiará as investigações e cortará na própria carne caso seja necessário. Ontem, o ex-presidente da República também fez críticas ao modelo de coordenação política do governo Lula, exercida por um deputado - Aldo Rebelo. Isso, disse ele, causa "ciúmes" entre parlamentares. De acordo com Itamar, o cargo de coordenador político deve ser ocupado por alguém neutro no Congresso. Itamar Franco deverá permanecer no cargo de embaixador na Itália até setembro, quando terá de definir seu futuro político. Ele vem sendo assediado pelo diretório mineiro do PMDB para que aceite sair candidato ao governo de Minas contra o governador Aécio Neves (PSDB), que deverá disputar a reeleição. O embaixador deu a entender que não pretende aceitar a missão. Mas defendeu a candidatura própria do partido no Estado e afirmou que poderá não estar ao lado de Aécio em 2006 como esteve em 2002.