Título: Votorantim negocia a venda da Votocel a fundos por US$ 120 mi
Autor: Vanessa Adachi e Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 09/06/2005, Empresas &, p. B1

Plásticos Companhia, líder no país, é pequena no portfólio do grupo; representa 2% da receita

O grupo Votorantim está em negociações finais para vender uma empresa do grupo, a Votocel, líder em filmes flexíveis. O material é empregado na fabricação de diversos tipos de embalagens, principalmente de alimentos. Na ponta compradora está a Vitopel, vice-líder do segmento no país e a maior da América Latina, controlada por fundos de investimento dos bancos JP Morgan Chase e CSFB. O preço a ser pago, segundo pessoas familiarizadas com os termos da transação, ficará entre US$ 120 milhões e US$ 140 milhões. A unificação das duas empresas resultará numa capacidade produtiva de mais de 120 mil toneladas por ano. Há expectativas de que o contrato seja assinado nos próximos dias e que a operação seja finalizada no mês de julho. Segundo o Valor apurou, a única pendência agora é a estruturação do financiamento da aquisição. A Vitopel e o grupo Votorantim não se pronunciaram sobre as negociações. A Votocel é um dos menores negócios da Votorantim - em 2004 obteve uma receita em torno de R$ 360 milhões, que correspondeu a 2% da receita líquida do conglomerado. Sua venda é vista dentro de um processo de ajuste do portfólio de ativos do grupo, liderado por metais, cimento, celulose e papel. Recentemente, perguntado sobre a venda da Votocel, um alto representante do conglomerado afirmou que "o negócio era pequeno e desfocado dentro do grupo". Fontes familiarizadas com a estratégia da Votorantim indicam que o grupo deve focar a atenção em cinco grandes áreas: metais (alumínio, zinco, níquel e aço), cimento (Brasil e destaque para América do Norte), celulose e papel, financeira e energia. A divisão de novos negócios também deve ser mantida. Por essa linha de raciocínio, sobrariam os ativos de química e agroindústria, com destaque para suco de laranja, unidade operada pela Citrovita. Esse negócio é analisado como de baixa rentabilidade. Por isso, requer aumento de escala ou saída dele. Em 2004, o grupo comprou a Sucorrico e ganhou mais peso no setor. Quanto à unidade química, também responsável por 2% do faturamento, trata-se de um ativo que envolve "sentimento familiar". A Nitro-Química, empresa que opera a atividade, foi criada pelo pai de Antônio Ermírio de Moraes. O empresário sequer cogita desfazer-se da empresa. A Vitopel nasceu na Argentina, em 1988, na cidade de Córdoba, ligada à fabricante de confeitos e biscoitos Arcor. Há cinco anos foi comprada pelos fundos de investimento. A fábrica na Argentina produz 27 mil toneladas por ano. No Brasil, a Vitopel desembarcou em 1997, ao adquirir por US$ 25 milhões uma fábrica que pertencia à Polibrasil. Em 2002, a empresa concluiu um investimento de US$ 40 milhões que elevou a capacidade da fábrica em Mauá (SP) para 36,5 mil toneladas anuais, dando ao grupo uma capacidade total de 63,5 mil. Já a Votocel tem capacidade para produzir 64 mil toneladas de filme plástico por ano em sua unidade industrial em Votorantim, município na região de Sorocaba (SP). Em 2002 a empresa aprovou investimentos de R$ 25 milhões para ampliar sua capacidade. A expansão foi feita no decorrer de 2003. Para viabilizar a venda da Votocel, foi necessário fazer uma alteração societária dentro do grupo Votorantim. A companhia era a controladora da Votorantim Celulose e Papel (VCP), com mais de 90% do seu capital. Isso teve que ser mudado para permitir a venda. A nova estrutura de controle da VCP ainda não consta da base de dados da Comissão de Valores Mobiliários. A Votocel, que se considera líder no mercado brasileiro de filmes flexíveis, é uma das empresas mais antigas do grupo da família Ermírio de Moraes. Foi fundada em 1948, antes portanto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que está fazendo 50 anos de operação agora. A empresa foi erguida no então distrito de Votorantim, onde está até hoje. A Votocel começou fabricando celofane, um derivado da celulose, e em 1985 iniciou a produção do filme plástico (polipropileno bi-orientado, conhecido pela sigla em inglês BOPP). As exportações de filme plástico flexível têm crescido nas duas companhias, o que alavanca o crescimento delas. Das vendas da Votocel, cerca de 40% têm se destinado ao mercado externo - América Latina, Estados Unidos, austrália, Ásia, Oriente Médio e Europa -, a mais de 100 clientes espalhados em 27 países. A Vitopel passou de um volume vendido ao exterior de 5 mil toneladas em 2000 para 18 mil no ano passado. Os clientes estão em mais de 20 países. Além da América do Sul, que responde pela maioria dos negócios, também há importadores em países como Estados Unidos, África do Sul, República Tcheca e Rússia. A empresa tem 450 funcionários.