Título: Baixa renda recebe mais recursos
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 09/06/2005, Finanças, p. C1

O microcrédito começa a ganhar a simpatia dos bancos. Depois de um período em que as instituições mostraram pouco interesse em emprestar para a baixa renda, alguns bancos começam a desenhar estratégias para conquistar estes novos clientes. No Banco do Brasil, o sucesso maior é o microcrédito para o consumo, que não pára de crescer. Já no Banco Real, a aposta é o microcrédito produtivo. O BB lançou em 2004 a linha "Crédito Pronto", voltado para quem tem renda mensal abaixo de R$ 1 mil. O limite de empréstimo é de R$ 600 (e a taxa de 2% ao mês). Em menos de um ano, já foram emprestados R$ 520 milhões para 1,2 milhão de pessoas, informa Edson Machado Monteiro, vice-presidente de varejo do BB. Segundo ele, a instituição tem emprestado uma média de R$ 60 milhões por mês, com até 130 mil novas operações. Em todas as suas linhas (incluindo o Banco Popular), o BB já emprestou R$ 640 milhões. O BB prepara agora sua estratégia para o microcrédito produtivo. Segundo Monteiro, o banco está fechando parcerias com agentes de fomento e cooperativas para viabilizar estes empréstimos, que são justamente o forte do Banco Real. O banco holandês quer triplicar sua carteira este ano. Dos atuais 5,5 mil clientes, pretende chegar a 18 mil até o final do ano. Com isso, os recursos emprestados devem bater na marca dos R$ 20 milhões. Hoje, a carteira está em R$ 6,5 milhões. Segundo Flavio Weizenmann, diretor da Real Microcrédito, as metas para este ano são ambiciosas. Se cumpridas, o banco emprestará até dezembro mais do que disponibilizou desde que começou a fornecer o microcrédito, há 3 anos. Desde então, foram emprestados R$ 13 milhões, sendo R$ 5,9 milhões este ano. Para aumentar a carteira, uma das estratégias do banco é abordar os fornecedores de empresas clientes do banco. No caso de uma indústria têxtil, a idéia é chegar às costureiras que fornecem material para a empresa e que quase sempre trabalham na informalidade, ou seja, não têm acesso aos bancos. "Chegar até essas pessoas é um trabalho braçal", disse. Para este trabalho, o banco conta com 52 agentes de crédito, que vão aos locais onde estas pessoas moram (normalmente nas periferias). Para ser viável, cada um desses agentes têm que conseguir pelo menos 200 clientes. Além de São Paulo, há agentes em Campinas e na Baixada Fluminense. Os juros do Real variam de 2% ao mês (para crédito abaixo de R$ 1 mil) a 3,5% (acima de R$ 1 mil).