Título: Funcef vende a sua participação na CEG
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 09/06/2005, Finanças, p. C3

Fundo de Pensão Operação faz parte da estratégia da fundação para recuperar prejuízos com investimentos

A Fundação dos Economiários Federais (Funcef) conseguiu vender sua participação na CEG , a companhia distribuidora de gás do Rio. Segundo o diretor de investimentos do fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, Demósthenes Marques, era uma participação pequena e, após negociação, a fundação conseguiu elevar o valor inicial da oferta, que era de R$ 38 milhões, o que representava R$ 17,83 por lote de mil ações para cerca de R$ 41 milhões, ou R$ 19,20 por mil ações. O comprador foi um investidor estratégico, cuja identidade a Funcef não revelou, que estava montando um fundo de óleo e gás e se interessou pelas ações. Segundo Marques, a venda ocorreu porque as ações tinham baixa liquidez e o controlador, que possui mais de 50% da companhia, não demonstrava muito interesse no mercado de capitais. "Essas ações estavam na carteira há muito tempo, quando assumimos o fundo não conseguimos encontrar o registro de quando elas entraram no portfólio", lembra Marques. Segundo o diretor, essa operação faz parte de um esforço que o fundo tem feito para tentar recuperar pelo menos parte do prejuízo ou reestruturar ativos problemáticos que ainda podem gerar lucro. O exemplo mais conhecido é o caso da Brasil Ferrovias, que teve sua aprovação reestruturada recentemente. Segundo Marques, além das reestruturações e recuperações de ativos, a Funcef está focando no alongamento da sua carteira de títulos públicos, mas quer aumentar as parcelas em crédito privado e também em renda variável. "Neste último segmento, no entanto, nós vamos priorizar as participações e não a compra de ações para carteira líquida", disse Marques. Para ele, as participações têm se mostrado mais rentáveis e a idéia é investir por meio de fundos de "private equity", como o de infra-estrutura que está sendo montado em parceria com o BID. Marques apresentou esses dados no I Seminário de Conselheiros da Funcef, que terminou ontem, em Brasília. O fundo acaba de empossar 21 novos conselheiros que vão representar a Funcef em conselhos fiscais e de administração das empresas nas quais mantém participação acionária relevante. Entre as companhias estão a Valepar (que investe na Vale do Rio Doce), Brasil Ferrovias e Cataguazes Leopoldina, entre outras. O encontro serviu para falar das diretrizes gerais a serem adotadas nas empresas e divulgar conceitos de governança corporativa, além de traçar um panorama atual do fundo, que administra uma carteira de investimentos total de R$ 18 bilhões. Ao todo, a Funcef tem 40 conselheiros que a representam. Os 21 empossados anteontem foram os primeiros a ser escolhidos por meio de uma seleção aberta a todos os participantes e divulgada no site da Funcef. O processo faz parte de um esforço que o fundo vem fazendo para aumentar a transparência e recuperar sua imagem de uma série de decisões de investimento tomadas no passado que se revelaram malsucedidas. Segundo o atual presidente do fundo, Guilherme Lacerda, os problemas tiveram origem em gestões anteriores. "Não negamos que esses prejuízos existem. Desde que assumimos, há dois anos, iniciamos uma série de provisões e agora inclusive já pedi a consolidação para saber qual foi o montante total de provisões que fizemos", diz Lacerda. Ele afirma, no entanto, que as decisões não foram tomadas na atual gestão.