Título: Senadora busca apoio a acordo
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Fonte: Correio Braziliense, 02/04/2010, Cidades, p. 15

Piedad Córdoba vai à Europa defender troca de prisioneiros entre governo e guerrilha

A senadora colombiana Piedad Córdoba, que coordena a missão de resgate dos militares libertados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), anunciou ontem que sairá na próxima semana em turnê pela Europa para pedir apoio da comunidade internacional a um acordo humanitário entre a guerrilha e o governo do presidente Álvaro Uribe, que possibilite uma troca de prisioneiros. Piedad insistiu na necessidade de pressionar as partes em conflito. ¿Vamos colocar o pé no acelerador do intercâmbio, nesses poucos dias que restam ao governo. É possível a paz na Colômbia, ao contrário do que dizem alguns colunistas¿, afirmou a senadora antes de embarcar em um helicóptero brasileiro para receber os restos do major de polícia Julián Ernesto Guevara, morto em 2006, quando era refém dos insurgentes. Córdoba mostrou-se confiante na possibilidade de um acordo ser fechado até o fim do mandato de Uribe, em agosto. A viagem à Europa, segundo a senadora, é apenas o começo do trabalho. ¿Recebi convites para ir à França, Espanha, Suíça e Suécia. Vamos impulsionar fortemente a troca de reféns por guerrilheiros presos¿, determinou. ¿Também vamos insistir enviando cartas ao presidente Uribe e às Farc.¿ Quando voltar ao país, a senadora retomará atividades ligadas à negociação com as Farc. ¿Em 19 de abril, vamos integrar a Coordenação pela Troca com o ex-presidente Ernesto Samper e vamos buscar uma série de aliados¿, anunciou. O Brasil, que cedeu dois helicópteros do Exército para resgatar o soldado José Daniel Calvo e o sargento Pablo Emilio Moncayo, além dos restos mortais do major Guevara, é um dos países que a senadora pretende incluir no processo. O professor Gustavo Moncayo, pai do ex-refém, também defende a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem o sargento Moncayo pretende agradecer pessoalmente pela ajuda. ¿Visitaremos o presidente (venezuelano) Hugo Chávez, o presidente Lula e o presidente (equatoriano) Rafael Correa. Acredito que é um dever, por todo o trabalho que fizeram¿, disse Gustavo Moncayo.

Restos mortais

A missão humanitária composta por Piedad Córdoba, por delegados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e pelo monsenhor Leonardo Gómez Serna regressou ontem à tarde de uma região de selva no departamento de Guaviare, no leste do país, com os restos mortais do major Guevara. Quando o helicóptero pousou em Villavicencio, no vizinho departamento de Meta, a mãe do major, Emperatriz de Guevara ¿ que passou quase 12 anos esperando pela volta do filho ¿ , abraçou a senadora e o religioso, enquanto observava a urna mortuária. ¿É um momento muito doloroso, mas ao mesmo tempo extremamente crucial para a família¿, comentou Christophe Beney, chefe da delegação do CICV na Colômbia. ¿O fato de poder oferecer uma sepultura digna a um ser querido é muito importante e necessário, pode ser um verdadeiro aliívio. No melhor dos casos, permite iniciar um processo de cura e ajudar os familiares a aceitar a perda da pessoa amada¿, acrescentou.