Título: Pefelistas reforçam aliança nacional em ato por Serra
Autor: Jamil Nakad Junior e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2004, Política, p. A-8

José Serra (PSDB) contou ontem com a ajuda do prefeito reeleito do Rio, Cesar Maia, na campanha à Prefeitura de São Paulo. Maia disse estar torcendo por Serra: "Tenho certeza de que para o Brasil, para São Paulo e para o Rio, o melhor é Serra", disse o prefeito pefelista num ato em São Miguel Paulista, na zona leste. O deputado Gilberto Kassab (PFL), vice de Serra, e alvo da campanha do PT no segundo turno, esteve no ato. Maia negou que a visita tenha em vista as eleições de 2006: "Aliança nacional é uma outra história". Serra também contou com os senadores Romeu Tuma (SP) e José Agripino (RN). O senador potiguar disse que há a "intenção" da aliança PSDB-PFL para 2006, mas que a concretização depende de acordo entre as duas siglas: "Partido que não almeja poder não pode ser um partido nacional". Tuma acredita que a eleição paulistana traça um "futuro conjunto" para uma candidatura única para a Presidência da República. Os senadores Jorge Bornhausen (SC), Marco Maciel (PE) e o deputado José Carlos Aleluia (BA) acabaram não acompanhando Serra ontem, como previsto, e visitaram o interior do Estado. A prefeita Marta Suplicy (PT) também fez campanha em São Miguel Paulista. A região conta com 308 mil eleitores e é a terceira maior zona eleitoral do país. No primeiro turno, Marta saiu na frente na disputa dos votos na região e conseguiu 42% dos votos contra 35% do tucano. No Itaim Paulista, onde só Serra esteve ontem, o tucano chegou a 35% contra 46% de Marta. O tucano foi recebido com os gritos: "Serra subiu, Marta caiu", no Itaim Paulista, mas sofreu uma chuva de balas de goma em São Miguel. Pela manhã, o confronto pacífico da militância era visível em São Miguel. Numa praça do bairro, as kombis da campanha de Serra estavam estacionadas e com alto-falantes tocavam o jingle "Serra é do bem". Bandeiras com a inscrição "Agora é Serra" também eram agitadas por militantes pagos. Já a campanha de Marta levou sua militância também em kombis que ressaltavam as ações da prefeitura em São Miguel, além de tocar o jingle da campanha, nos três pontos onde a candidata esteve no bairro. Muitos militantes pagos usavam uniforme da campanha outros empunhavam bandeiras de Marta, do PT e do PCdoB. A petista fez corpo-a-corpo em duas áreas mais urbanizadas e terminou sua passagem pela região visitando uma favela no Jardim Lapena, onde há um mutirão. Na praça, militantes de Serra diziam para a reportagem não ir atrás de Marta na favela porque ela seria recebida com tomates. O que não ocorreu. Marta esteve acompanhada do vereador mais votado na região, o ex-secretário de Habitação, Paulo Teixeira, e do presidente nacional do PT, José Genoino. Em entrevista, Marta explicou o sentido de estar em sintonia com o presidente: "O presidente Lula tem demonstrado que não faz isso (partidarizar as transferências), mas todo presidente coloca os seus recursos, não conveniados, de emendas de parlamentares, nos projetos que têm mais sintonia com seu governo". "No governo Fernando Henrique Cardoso, eu passei a pão e água porque ele não se preocupava com a pobreza, não liberou verba para a cidade. Com o presidente Lula foi diferente, porque isso é uma prioridade que o presidente considera importante. Fernando Henrique não liberou recursos para o Hospital Tiradentes, foi Lula quem liberou. Fernando Henrique não liberou recursos para a Radial Leste, foi Lula quem liberou. Fernando Henrique não liberou recursos para a Jacu Pêssego, foi Lula quem liberou. Fernando Henrique não liberou recursos para a Faculdade de Saúde Pública, foi Lula quem liberou", disse. Questionada sobre as críticas de Serra, se essa sintonia não ocorrer, Marta respondeu: "O Serra diz o que ele quiser... Lula liberou (recursos) porque é bonzinho? Não. Liberou porque acredita nos projetos que eu tenho apresentado para a cidade, que são combinados, tem sintonia com o governo dele. O outro candidato não tem propostas". A Justiça Eleitoral autorizou o aumento do limite de gastos da campanha de Marta de R$ 15 milhões para R$ 19 milhões. A campanha de Serra, por enquanto, mantém a previsão de gastos de R$ 15 milhões.