Título: Tesoureiro do partido apresenta hoje sua versão
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2005, Política, p. A6
Depois de evitar ao máximo o contato com a imprensa, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, deve falar hoje sobre suas ações à frente do caixa partidário e relatar sua versão sobre a denúncia de pagamento de R$ 30 mil mensais apontada pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson. O Partido dos Trabalhadores convocou uma reunião extraordinária com a Executiva Nacional, para cuidar das acusações que atingem o partido e o governo. A direção do PT defende a permanência de Delúbio na função e não sinalizou punições a ele. "O companheiro Delúbio tem o nosso apoio, a nossa confiança", sustentou o presidente nacional da legenda, José Genoino. Como forma de defesa, o partido anunciou ontem que vai partir para a ofensiva. "Diante das invenções, das mentiras que estão sendo colocadas diariamente contra o PT, vamos para a ofensiva, que será em vários terrenos: na CPI dos Correios, na base do partido ou no enfrentamento político", afirmou Genoino. "O PT continua achando que a CPI, mesmo mantendo a avaliação que é um palanque político-eleitoral da oposição - e ela está no papel dela-, será enfrentada, seja no debate, no enfrentamento político, seja nas investigações. Não temos nada a temer, em investigação de qualquer assunto. O PT vai para ofensiva para se defender, perante seus filiados, militantes e eleitores." Outro dirigente, Silvio Pereira, secretário geral do PT, disse ser necessário investigar o "ingrediente político" da denúncia e que o partido vai "buscar a verdade onde for possível". Genoino procurou transmitir um clima de tranqüilidade durante entrevista coletiva concedida ontem, mas em diversos momentos abalou-se com as perguntas. Afirmou que o PT apoiaria a CPI dos Correios, mas desconversou por cinco vezes sobre a possibilidade de abertura de uma CPI para analisar a denúncia da "mesada" a parlamentares. Por fim, comentou que a bancada do PT mandou a denúncia para a Corregedoria. Questionado sobre a posição da sigla em relação aos 13 parlamentares que desobedeceram a decisão da sigla ao votar a favor da CPI, Genoino disse que eles não são "párias" e que seria "muito melhor não se precipitar e acertar coletivamente". "Se confiamos no coletivo, acertamos muito mais. " O porta-voz do PT repetiu que a crise "não é do presidente Lula, nem é do governo" e disse que ela está "restrita ao Congresso". Genoino ressaltou que durante as conversas com Lula, em momento algum ouviu do presidente "qualquer descontentamento em relação ao PT" e disse que a relação entre partido e o presidente é "tranqüila". "Não adianta querer colocar areia nessa relação". O presidente do partido disse ainda "não estar iludido" com a moderação do PSDB, afirmando que os tucanos mantêm o alvo na disputa eleitoral em 2006.