Título: Funcef volta a investir no setor imobiliário
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2005, Empresas &, p. B4
Construção Em parceria com incorporadoras, fundação fará projetos residenciais em terrenos que seriam vendidos
Depois de muito tempo afastada dos grandes projetos imobiliários, a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, está voltando com força total ao setor. Embora não possa atuar diretamente na incorporação, o fundo encontrou um modelo no qual estabelece parcerias com as incorporadoras para montar grandes projetos em alguns dos maiores terrenos que possui em carteira. Já há pelo menos cinco deles acertados ou em análise avançada, em Angra dos Reis, Cabo de Santo Agostinho, Rio de Janeiro (onde funcionava o parque Wet'n Wild), Curitiba e Santo André. Pelas estimativas da Funcef, os empreendimentos devem movimentar pelo menos R$ 400 milhões (preço final avaliado), isso sem contar com o projeto de Santo André, cujos números ainda não foram levantados. As parcerias fechadas até agora são com a Rossi Residencial, a Plarcon Engenharia, a Gafisa, e a curitibana InvesPark. Com os novos empreendimentos, a Funcef resolve dois problemas de uma só vez. Por um lado, cumpre a exigência da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), que proíbe a manutenção de terrenos em carteira a partir do fim deste ano. Por outro lado, tenta obter uma rentabilidade melhor do que aquela que apuraria com a simples venda dos espaços, pois passa a obter um percentual da venda do empreendimento previamente acertado com a incorporadora. Até o ano passado, a idéia ainda era a de vender todos os terrenos, até que o projeto Club Tuiuti - realizado em parceria com a Rossi e que deve servir de modelo nos próximos empreendimentos - mostrou números surpreendentes. Esse condomínio próximo ao parque paulistano do Piqueri, foi lançado em outubro de 2004, com 624 unidades. A previsão era de lançar as seis torres em três etapas, conforme as vendas fossem ocorrendo. Mas em 60 dias tudo foi vendido. "Projetamos inicialmente um fluxo de valor global de venda (VGV) para a Funcef de R$ 19 milhões, mas em apenas quatro meses já entraram R$ 2,5 milhões, o que nos leva a crer que os ganhos serão ainda maiores", diz o diretor imobiliário do fundo, Jorge Arraes. No entanto, nem todos os terrenos da fundação serão usados como base para empreendimentos. Segundo Arraes, alguns espaços menores, como os terrenos localizados em Vitória, Recife e Belém, além de outro em São Paulo, serão vendidos a exemplo do que já ocorreu com os de Campo Grande e Porto Alegre. Hoje, o fundo tem cerca de R$ 64,2 milhões em terrenos na carteira de imóveis, cujo valor total é de R$ 1,5 bilhão e representa 8,2% do portfólio total do fundo, avaliado em R$ 18 bilhões. Com as novidades em curso, no entanto, a carteira de imóveis vai aumentar. Entre os novos projetos, o mais adiantado é o de Angra dos Reis, cujo contrato já foi assinado com a Plarcon e a Gafisa e prevê a construção de um condomínio residencial acoplado ao hotel Blue Tree, que deve gerar também mais demanda pelos serviços do resort. Os projetos do Cabo de Santo Agostinho e de Curitiba serão analisados hoje pela diretoria da Funcef e, caso aprovados, passarão pelo conselho deliberativo do fundo. No primeiro, a idéia é construir dois grandes condomínios adjacentes ao resort. Já em Curitiba, haverá um mix de prédio residencial com agência da Caixa e lojas comerciais na Praça General Osório, um local nobre da cidade. Já os empreendimentos do Rio e de Santo André, que prevêem também grandes condomínios, ainda serão apresentados à diretoria do fundo, mas Arraes diz que o procedimento é ágil. No caso do Rio, o parceiro ainda não foi definido, embora existam propostas da Brascan e da Plarcon. O local é o mesmo onde funcionava o Wet'n Wild, em Vargem Grande, um dos vários investimentos malsucedidos nos quais o fundo entrou no passado. Agora, finalmente a Funcef conseguiu vender os brinquedos do parque, por R$ 4,2 milhões para um grupo australiano. O projeto de Santo André deve ser feito em parceria com a Rossi. Segundo Marcelo Dadian, diretor comercial da Rossi, a vantagem para o fundo ao ceder seu terreno para um projeto em vez de simplesmente vender a área é que o espaço se valoriza ao ganhar um empreendimento.