Título: Programa pode ter recursos do BNDES
Autor: Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Brasil, p. A-4

O ministro da Defesa, José Viegas, disse ontem que o governo brasileiro está tranqüilo em relação à visita dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e ressaltou que o Brasil tem mostrado que não há desvio de material nuclear no país. "Mostramos isso plena e cabalmente. O Brasil não tem programa paralelo, nem instalação clandestina e abre suas instalações nucleares para inspeção da agência", afirmou Viegas. "Essa inspeção é feita em termos negociados e essa negociação está sendo feita agora", acrescentou. Viegas participou ontem do III Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Defesa Nacional no Palácio do Planalto. Ao discursar, o ministro observou que o programa nuclear brasileiro "tem sido conduzido com brilho" e com recursos superiores aos do ano passado. "O que permite a retomada do seu desenvolvimento pleno e confirma a inclusão do Brasil no seleto grupo de países dotados de capacidade de enriquecimento de urânio com finalidades exclusivamente pacíficas", observou Viegas. Ele destacou ainda a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao programa nuclear. O BNDES acertou com o Ministério da Defesa a liberação de recursos para os projetos desenvolvidos no Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), unidade de pesquisa do Centro Tecnológico da Marinha que ajudou a desenvolver a tecnologia para o enriquecimento de urânio. O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, avaliou que as reuniões técnicas entre as equipes foram "boas" e que o governo aguarda um pronunciamento da agência, órgão da ONU encarregado de promover a cooperação para usos da energia nuclear e evitar a proliferação de armas atômicas. "Agora nos silenciamos e esperamos que no prazo previsto a agência possa oficialmente anunciar sua posição em relação ao trabalho dos técnicos brasileiros e da equipe enviada pela agência".