Título: Licença para geladeiras é interrompida
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2004, Brasil, p. A-4

As autoridades da Secretaria de Indústria argentina informaram ao governo brasileiro que interromperam, neste mês, as autorizações para importação de geladeiras do México e do Chile, informou o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho. Os produtos mexicanos e chilenos vinham ocupando parte do mercado local, aproveitando-se das restrições à venda de eletrodomésticos brasileiros, como revelou o Valor. Na próxima semana, técnicos dos dois governos farão uma reunião para "dimensionar" o tamanho do mercado argentino para refrigeradores e decidir, a partir daí, qual espaço deve ser reservado aos produtos do Brasil, informou o secretário de Comércio Exterior. Uma fonte da Secretaria de Indústria argentina, contudo, apenas informou que as autoridades passaram a acompanhar com mais atenção o ingresso de produtos de fora do Mercosul a partir da constatação de que México e Chile estão aumentando sua participação no mercado local de geladeiras em detrimento do Brasil. "Temos de lembrar que o comércio do Brasil com os países do Mercosul está apresentando neste ano um crescimento, e ele é mais expressivo em relação à Argentina", comentou Ramalho. "É um crescimento de vendas para a Argentina de quase 80%, mais de US$ 5 bilhões, e o país compra, principalmente produtos manufaturados, de alto valor agregado". Ramalho lembrou que os conflitos comerciais vem sendo tratados na comissão de monitoramento formada pelos dois países. O aumento das compras de geladeiras do Chile e do México foi realizado para complementar as linhas de produção de fábricas instaladas na Argentina com capital chileno e mexicano, lembrou o secretário. "As informações que temos das autoridades argentinas é de que não estão sendo autorizadas importações de refrigeradores de outras origens", assegurou Ivan Ramalho. Os dois governos vêm discutindo, também, as dificuldades enfrentadas pelos exportadores de máquinas de lavar, que enfrentam prazos de até 60 dias para entrar no país vizinho, à espera de licenças não-automáticas. Os argentinos alegam que falta uma certificação exigida por lei e esses certificados serão providenciados, disse Ramalho.