Título: Real valorizado faz preços de roupas e cosméticos importados cair
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2005, Empresas &, p. B1

A baixa continuada do dólar levou as grifes Diesel, italiana de jeanswear, e L'Occitane, francesa de cosméticos e perfumaria a adotarem a mesma estratégia: redução nos preços. Há cerca de um mês, as duas marcas repassaram aos preços a valorização do real em relação ao dólar e ao euro, o que para os seus clientes significou valores 15% mais baratos. "Fizemos um alinhamento de preços", diz Esber Hajli, diretor da Diesel, no Brasil, grife que mundialmente fatura 1 bilhão de euro, por ano. "Como se trata de uma ação com pouco mais de um mês, ainda não deu para sentir um aumento de consumo", diz o empresário, que comercializa quase 90 mil peças, por mês, nas três lojas próprias da marca e nos quase 50 pontos-de-venda multimarcas. A Diesel está no Brasil há quase cinco anos e afirma ter 25 mil clientes cadastrados como consumidores da marca. A loja Diesel instalada nos Jardins, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, é a campeã de vendas, por metro quadrado, no mundo. "Não estou prevendo aumento de consumo nos próximos meses por causa do dólar", diz Hajli. Para Sílvia Gambin, diretora-geral da L'Occitane, no Brasil, já é possível notar um aumento de consumo nos produtos da marca. "Houve loja que vendeu 8% a mais esse mês, em relação ao mesmo período do ano passado", diz ela. Essa é a primeira vez, em dez anos de presença da L'Occitane no Brasil, que a marca promove uma baixa nos preços. "Produtos como xampus e sabonetes tiveram descontos superiores a 15%", diz a executiva. A L'Occitane possui 18 lojas próprias no Brasil e 130 pontos- de-venda. O país significa 4,5% na receita mundial da marca. "A loja do shopping Iguatemi estava em sétimo lugar em vendas no mundo no ano passado", comemora Silvia, que prevê aumento de 20% no faturamento da grife no Brasil em 2005. "Não sei se estamos ganhando novos consumidores, mas certamente, nossos clientes estão comprando mais." Segundo a assessoria de imprensa das grifes Burberry e Cartier, a baixa do dólar não impactou as vendas, nem fez crescer o volume de produtos importados, uma vez que a compra dos produtos é feita com um ano de antecedência. "Vivemos um momento cauteloso, de observação de mercado", pondera o consultor Carlos Ferreirinha, que tem entre os seus clientes, a Burberry e a joalheria Chopard. Para Freddy Rabbat, diretor da Montblanc no Brasil, a valorização do real não causou aumento significativo no consumo dos produtos da grife, no Brasil. "Quem acaba ganhando, com o dólar mais barato, é quem tem concorrente nacional", diz o executivo. "Para os nossos consumidores, que não encontram uma marca similar à Montblanc no mercado nacional, o que interessa é o preço estável e compatível com o que é cobrado em outros países", diz Rabbat. Segundo ele, o câmbio estável é que pode estimular o consumo. "Mas o que fará ele realmente aumentar é o aumento do PIB", afirma.