Título: Concentração na venda de fertilizantes
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2005, Agronegócios, p. B3

As entregas mais lentas de fertilizantes no primeiro quadrimestre do ano devem causar sobrecarga no desembarque do produto no segundo semestre no porto de Paranaguá. Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), diz que, historicamente, 35% das entregas anuais de fertilizantes são feitas no primeiro semestre e 65% no segundo, mas a previsão para este ano é que a divisão seja de 28% e 72%, respectivamente. Em 2004, o setor importou 15,4 milhões de toneladas, e 10 milhões chegaram no país de julho a dezembro. "Muitos produtores, à espera da liberação de novos recursos do governo, estão preferindo deixar as compras para a última hora", observa Daher. Ele prevê uma situação "caótica" nos meses de setembro e outubro, quando o setor se abastece para o plantio da safra de verão e, geralmente, as compras no período giram em torno de 3,1 milhões de toneladas por mês. "A maior concentração das entregas certamente vai piorar o problema logístico no porto", diz Daher. De acordo com levantamento da Anda, as importações de fertilizantes no acumulado de janeiro a abril foram de 2,34 milhões de toneladas, ante 4,38 milhões no mesmo período do ano passado, o que representou uma queda de 46,4%. As vendas totais de fertilizantes no primeiro quadrimestre foram de 3,62 milhões de toneladas, ante 4,4 milhões em igual período de 2004, o que equivale a uma queda de 17,7%. Até março, a queda era de 13,8%. Daher observa que o maior recuo ocorreu no Rio Grande do Sul, onde as vendas caíram 49,1%, para 169 mil toneladas. Mesmo nas regiões favorecidas pelas culturas de cana-de-açúcar, houve redução nas vendas de fertilizantes. Em São Paulo, houve queda de 1,2% nas entregas, para 775 mil toneladas. Na região Nordeste, o recuo foi de 1,5%. Para o ano, o setor mantém a previsão de redução nas vendas internas em torno de 5%, ou 1,15 milhão de toneladas, para 21,3 milhões. Daher observa, no entanto, que as vendas para a cultura da soja - que absorve metade das vendas de adubos no país - podem melhorar no segundo semestre, se a estiagem nos EUA trouxer prejuízos à oleaginosa. "Isso poderá estimular o plantio no Brasil e as vendas de insumos".